Em sequência ao movimento visto na sessão anterior, os juros futuros fecharam com queda firme de taxas nesta segunda-feira, 27, ainda motivada pelo crescimento das apostas em torno da aceleração do corte da Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) para 1 ponto porcentual, já bastante incorporadas na curva a termo.

Ao final da sessão regular da BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para julho de 2017 (155.000 contratos) projetava 11,015%, de 11,070% no ajuste de sexta-feira. A taxa do DI janeiro de 2018 (123.795 contratos) caiu de 9,900% para 9,840%. A do DI janeiro de 2019 (150.270 contratos) fechou em 9,41%, de 9,45%. O DI janeiro de 2021 (93.275 contratos) terminou com taxa de 9,85%, de 9,87%.

O mercado de juros manteve-se alheio à tensão no exterior, que pesou sobre o câmbio e a Bolsa, por sua vez ainda amparada no risco de que o governo Trump não consiga aprovar reformas econômicas depois que a proposta de mudanças no sistema de saúde que seria votada na sexta-feira teve de ser retirada, já que a derrota dos republicanos era dada como certa. O que pode ser considerado um vetor de contágio, mas benigno, para os DIs é a nova queda no rendimento dos Treasuries, com a T-Note de dez anos abaixo de 2,40%.

Num dia agenda doméstica fraca, o recuo das taxas futuras continuou sendo motivado pela sinalização dos diretores do Banco Central durante reuniões com investidores desde sexta-feira, que deixou os agentes confiantes na queda de 1 ponto da Selic em abril e maio, mesmo diante dos percalços no andamento das reformas fiscais. Nesse contexto, os curtos recuaram mais do que os longos, que também tiveram a alta do dólar como um limitador.

“O mercado está na expectativa do relatório de inflação, no qual o BC deve preparar o terreno para um corte mais agressivo de juro em abril, mas os longos caem menos, limitados pelo dólar”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) será divulgado na quinta-feira e deve trazer previsões mais baixas para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e dólar. Na pesquisa Focus divulgada nesta segunda, houve ajustes marginais, mas positivos, nas medianas das estimativas para a inflação. A mediana para o IPCA em 2017 caiu de 4,15% para 4,12% e permaneceu em 4,50% para o final de 2018.