Os juros futuros fecharam a sessão regular perto dos ajustes anteriores, com viés de alta nos contratos de prazo intermediários. Profissionais da área de renda fixa afirmam que, sem destaques na agenda local ou no noticiário político nesta sexta-feira, 4, os investidores fizeram uma pausa após uma semana intensa, que teve como destaques a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e a rejeição da denúncia contra o presidente Michel Temer pelos deputados. As taxas ensaiaram um movimento de correção após o dado forte do payroll (dado de emprego) norte-americano, mas que não prosperou, tendo persistido breve sinal de alta nos vencimentos de médio prazo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 (132.340 contratos) fechou em 8,185%, mesmo nível do ajuste de quinta-feira; e a do DI para janeiro de 2019 (258.790 contratos) passou de 7,96% para 7,99%. A taxa do DI para janeiro de 2021 (198.905 contratos) encerrou em 9,16%, de 9,15%. Perto das 16h30, o rendimento da T-Note de dez anos subia a 2,265%, do patamar de 2,22% quinta-feira.

O destaque do dia veio dos EUA, onde o payroll surpreendeu ao mostrar criação de 209 mil vagas em julho, acima da expectativa de 180 mil postos, o que reforçou apostas em torno da alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ainda este ano e puxou para cima os yields dos Treasuries.

As taxas aqui acompanharam pontualmente, mas a pressão se dissipou na maioria dos contratos. “Apesar do payroll mais forte, os salários não tiveram aumento tão significativo, que possa fazer o Fed ser tão mais rápido na alta de juro ou na redução do balanço. É preciso mais do que um número, talvez um trimestre todo de números fortes, que indique, de fato, o fim do interregno benigno”, afirmou o gestor de renda fixa da Absolute Invest, Renato Botto. O salário médio por hora dos trabalhadores do setor privado subiu 0,34% ante o mês anterior, ante projeção de ganho ligeiramente menor, de 0,3%.

E, como a vitória de Temer resgatou a esperança do mercado de ver aprovada ainda este ano a reforma da Previdência, o mercado não vê motivos para reduzir posições vendidas. Em entrevista ao Broadcast (serviço fechado de notícias em tempo real do Grupo Estado), o presidente Michel Temer disse nesta tarde que a reforma pode ser votada na Câmara até setembro. Afirmou ainda que se for necessário elevar o limite da meta de déficit fiscal “diremos claramente” e que ainda não há definição sobre novas altas de tributos.