Os juros futuros de curto prazo aceleraram a queda na reta final da sessão regular desta quarta-feira, 21, e fecharam nas mínimas do dia, enquanto a parte longa da curva, que mostrava viés de alta desde cedo, terminou estável. O desempenho dos vencimentos mais próximos refletiu o otimismo do investidor com o futuro da Selic, às vésperas da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de junho, e também declarações vistas como “dovish” (mais leves) de membros do Banco Central (BC). A ponta longa esteve relacionada mais ao risco do cenário político.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2018 (157.980 contratos) fechou na mínima de 9,015%, de 9,070% no ajuste de terça-feira. A taxa do DI para janeiro de 2019 (286.990 contratos) caiu de 9,07% para 9,02% e a do DI para janeiro de 2021 (210.025 contratos) manteve-se em 10,14%, mesma do ajuste anterior.

O sinal de baixa pautou os juros curtos ainda pela manhã, diante da avaliação do mercado de que o cenário para a inflação que trará o RTI na quinta-feira, 22, será muito benigno. “O calendário é muito favorável aos vendidos em juros. O RTI não tem como não falar bem da inflação e o IPCA tem surpreendido”, disse o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi. O RTI será divulgado quinta e o IPCA-15, na sexta-feira.

Em outra frente, os sinais do Banco Central apontam para manutenção do processo de queda da Selic mesmo em meio à crise política, em função da inflação corrente muito baixa, do nível de ancoragem das expectativas e da fraqueza da atividade. O diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Tiago Couto Berriel, afirmou nesta quarta, em Londres, que o cenário atual prescreve a continuidade do ciclo de corte de juros. “A flexibilidade do regime de metas de inflação permite ajustes da política monetária a possíveis cenários prospectivos”, afirmou Berriel.

Ao contrário dos curtos, a ponta longa passou o dia entre a estabilidade e leve alta. Após a derrota do governo na terça na votação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, havia expectativa em relação à sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas a oposição conseguiu tempo para realizar audiência pública sobre o tema na próxima terça-feira, 27, e ainda abriu espaço para que os votos em separado ao projeto sejam apresentados na quarta, 28.

Com isso, o foco desta tarde é o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre limites de atuação do magistrado nos acordos de delação premiada, entre elas a dos executivos do Grupo J&F.