Os juros encerraram a terça-feira, 12, em baixa moderada nos vencimentos de curto e médio prazos, em reação à ata do Comitê de Política Monetária (Copom), e com viés de alta na ponta longa, refletindo a alta do dólar e o cenário político, atento ao noticiário que possa pesar contra o governo e, assim, atrapalhar o andamento da reforma da Previdência nesta retomada das discussões.

O cenário principal do mercado segue sendo o de que a esperada apresentação de uma nova denúncia contra Temer pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda esta semana chegará enfraquecida, mas, ainda assim, o investidor prefere aguardar antes de ampliar a exposição ao risco.

A denúncia teria por base as informações entregues pelo empresário Joesley Batista, da JBS. Mesmo porque, no período da tarde desta terça, o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB). A investigação mira o Decreto dos Portos, que teria favorecido uma empresa do setor.

Logo após a informação, o dólar ampliou o avanço e passou a renovar máximas. Nos juros, as taxas longas acentuaram o viés de alta e também chegaram as máximas, mas na sequência já retornaram para mais perto dos ajustes. Nas ações, o Ibovespa reduziu os ganhos, abaixo do patamar dos 75 mil pontos. Às 16h30, o dólar à vista subia 0,81%, para R$ 3,1305, após bater máxima de R$ 3,1371.

Já a ata do Copom trouxe poucas novidades em relação ao conteúdo do comunicado divulgado após a reunião da semana passada, endossando a sinalização de que, caso o cenário básico do Copom evolua conforme esperado, uma redução no ritmo de corte, que foi de 1 ponto na semana passada, deve se mostrar adequada na próxima reunião. Com isso, a aposta majoritária precificada na curva a termo permanece sendo a de redução da Selic em 0,75 ponto e 0,50 ponto porcentual, nos encontros de outubro e dezembro.

No entanto, alguns analistas acreditam que a possibilidade de novo corte de 1 ponto não pode ser descartada. “O BC, embora tenha reforçado a sinalização de que cenário base contempla redução moderada no rito de cortes, deixou a porta aberta, preservando o grau de liberdade para volta a reduzir o juro em 1 pp, porque já foi surpreendido anteriormente”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Ao final da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 (274.540 contratos) fechou com taxa em 7,645%, de 7,660% no ajuste de segunda-feira; o DI para janeiro de 2019 (401.610 contratos) tinha taxa de 7,64%, de 7,68% no ajuste anterior; a taxa do DI para janeiro de 2021 (204.710 contratos) subiu de 8,99% para 9,02%. A taxa do DI para janeiro de 2023 (52.365 contratos) terminou em 9,65%, de 9,61%.