São Paulo, 27/3 – A rápida retomada de parte das exportações brasileiras de proteína animal, pós a Operação Carne Fraca, é fundamental e deve limitar o impacto quantitativo desses bloqueios, afirma o Itaú BBA, em relatório. “O ritmo em que as proibições foram retiradas foi o fator chave, já que estimamos que cerca de 11% das exportações anuais já estavam em trânsito”, dizem os analistas Antonio Barreto e Thomas Budoya, citando a retomada da China e Chile, anunciadas no sábado.

Os analistas prospectam que as ações das empresas relacionadas devem ter uma recuperação neste início de semana na BM&FBovespa. Em compensação, eles ponderam que, desde a divulgação da operação da Polícia Federal, o potencial de crescimento das novas oportunidades de mercado no exterior foi reduzido e novas questões de governança foram levantadas para a BRF e JBS.

Segundo eles, se Hong Kong seguir o exemplo chinês, menos de 3% dos embarques de carne bovina e suína brasileiros serão bloqueados. “A história mostra que Hong Kong é menos rigorosa do que a China quando se trata de proibições. Em crises anteriores (o medo da vaca louca em 2012 e o da febre aftosa em 2005), Hong Kong não bloqueou as importações brasileiras”, afirmam. De fato, é grande a expectativa entre participantes do mercado de que Hong Kong derrube o veto ainda nesta semana.

Sobre os impactos gerados pelos bloqueios nos últimos dias, os analistas afirmam que, assumindo um desconto de 15% na venda média, em virtude da operação, os embargos poderiam reduzir as margens anuais de Ebitda em 7,5 pontos porcentuais para cada exportador, efeito que seria apenas ligeiramente compensado por preços mais baixos para o gado e milho no Brasil e por pré-pagamentos ocasionais.

Como as empresas de carne bovina já estavam reduzindo suas aquisições de gado, o menor volume de vendas poderia reduzir a diluição dos custos fixos. “Segundo nossa estimativa, três meses de um embargo de 50% sobre as exportações levaria a uma margem menor de 5 pontos porcentuais e uma queda de 6% nas vendas dos ativos brasileiros de cada frigorífico”, afirmam.