Israel reabriu neste domingo (16) a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, fechada após um ataque na sexta-feira (14), mas os muçulmanos se recusaram a entrar no local em razão das novas medidas de segurança, que incluem detectores de metal e câmeras.

O acesso ao terceiro local mais sagrado do Islã, que está no centro do conflito entre Israel e os palestinos, foi fechado pelas autoridades israelenses após um ataque na sexta-feira cometido por três árabes israelenses que mataram dois policiais na Cidade Velha de Jerusalém Oriental.

As autoridades israelenses afirmaram que os agressores, perseguidos e mortos, tinham saído da Esplanada para cometer o ataque. Elas consideraram seu fechamento necessário para efetuar controles de segurança.

“Allah Akbar” (Deus é o maior), gritou a multidão quando os primeiros visitantes começaram a entrar na Esplanada das Mesquitas, localizada na Cidade Velha, na parte oriental ocupada e anexada por Israel desde 1967.

Mas as orações muçulmanas do meio-dia foram realizadas ao ar livre, com os fiéis se recusando a entrar no local passando por detectores de metais.

“Nós rejeitamos as alterações impostas pelo governo israelense”, declarou o xeque Omar Kiswani, diretor da mesquita Al-Aqsa, localizada na Esplanada.

“Não vamos entrar (no local) passando por detectores de metal”, disse ele a repórteres.

Mulheres, chorando, gritavam para pedir às pessoas que não entrassem no local.

Segundo a polícia, duas das oito portas que dão acesso ao santuário foram abertas e estão agora equipadas com detectores de metal. Cerca de 200 pessoas entraram no local, acrescentou.

– Encontro Netanyahu/Abdullah II –

O ataque de sexta-feira foi um dos incidentes mais graves dos últimos anos em Jerusalém.

A decisão de fechar a Esplanada indignou os palestinos e reavivou os temores de que Israel assuma o controle exclusivo do local, que também é reverenciado pelos judeus como Monte do Templo.

Antes viajar à França, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou neste domingo a reabertura do local para os fiéis, visitantes e turistas. Também anunciou que “detectores de metal serão instalados nas entradas, bem como câmeras que cobrirão os movimentos do lado de fora”.

Netanyahu conversou ainda com o Abdullah II da Jordânia, que destacou “a necessidade de reabrir a Esplanada” e condenou “o ataque de sexta-feira em Jerusalém”, segundo um comunicado do gabinete real.

A Jordânia assinou em 1994 um acordo de paz com Israel e é quem administra a Esplanada das Mesquitas.

Para o diretor do Conselho Waqf, organismo responsável pela gestão da propriedade muçulmana, Abdel Azim Salhab, o fechamento da Esplanada foi o “pior ataque desde 1967” contra este local, referindo-se ao início da ocupação israelense.

– Palestino morto –

Em razão das tensões, Netanyahu poderia voltar atrás em sua decisão de proibir os deputados israelenses de visitar a Esplanada como um teste de cinco dias a partir de 23 de julho.

Ele impôs esta proibição há dois anos, depois de uma onda de violência. Os judeus são autorizados a visitar o local, mas não podem rezar.

Desde outubro de 2015, a violência já matou 282 palestinos, 44 israelenses, dois jordanianos, um eritreu, um sudanês e uma britânica, de acordo com uma contagem da AFP.

E a violência, embora tenha diminuído acentuadamente, custou a vida neste domingo de mais um palestino, morto depois de tentar abrir fogo contra as forças israelenses na Cisjordânia, segundo o Exército.