16/07/2017 - 10:03
Israel reabriu neste domingo (16) a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, fechada após um ataque na sexta-feira (14), mas os muçulmanos se recusaram a entrar no local em razão das novas medidas de segurança, que incluem detectores de metal e câmeras.
O acesso ao terceiro local mais sagrado do Islã, que está no centro do conflito entre Israel e os palestinos, foi fechado pelas autoridades israelenses após um ataque na sexta-feira cometido por três árabes israelenses que mataram dois policiais na Cidade Velha de Jerusalém Oriental.
As autoridades israelenses afirmaram que os agressores, perseguidos e mortos, tinham saído da Esplanada para cometer o ataque. Elas consideraram seu fechamento necessário para efetuar controles de segurança.
“Allah Akbar” (Deus é o maior), gritou a multidão quando os primeiros visitantes começaram a entrar na Esplanada das Mesquitas, localizada na Cidade Velha, na parte oriental ocupada e anexada por Israel desde 1967.
Mas as orações muçulmanas do meio-dia foram realizadas ao ar livre, com os fiéis se recusando a entrar no local passando por detectores de metais.
“Nós rejeitamos as alterações impostas pelo governo israelense”, declarou o xeque Omar Kiswani, diretor da mesquita Al-Aqsa, localizada na Esplanada.
“Não vamos entrar (no local) passando por detectores de metal”, disse ele a repórteres.
Mulheres, chorando, gritavam para pedir às pessoas que não entrassem no local.
Segundo a polícia, duas das oito portas que dão acesso ao santuário foram abertas e estão agora equipadas com detectores de metal. Cerca de 200 pessoas entraram no local, acrescentou.
– Encontro Netanyahu/Abdullah II –
O ataque de sexta-feira foi um dos incidentes mais graves dos últimos anos em Jerusalém.
A decisão de fechar a Esplanada indignou os palestinos e reavivou os temores de que Israel assuma o controle exclusivo do local, que também é reverenciado pelos judeus como Monte do Templo.
Antes viajar à França, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou neste domingo a reabertura do local para os fiéis, visitantes e turistas. Também anunciou que “detectores de metal serão instalados nas entradas, bem como câmeras que cobrirão os movimentos do lado de fora”.
Netanyahu conversou ainda com o Abdullah II da Jordânia, que destacou “a necessidade de reabrir a Esplanada” e condenou “o ataque de sexta-feira em Jerusalém”, segundo um comunicado do gabinete real.
A Jordânia assinou em 1994 um acordo de paz com Israel e é quem administra a Esplanada das Mesquitas.
Para o diretor do Conselho Waqf, organismo responsável pela gestão da propriedade muçulmana, Abdel Azim Salhab, o fechamento da Esplanada foi o “pior ataque desde 1967” contra este local, referindo-se ao início da ocupação israelense.
– Palestino morto –
Em razão das tensões, Netanyahu poderia voltar atrás em sua decisão de proibir os deputados israelenses de visitar a Esplanada como um teste de cinco dias a partir de 23 de julho.
Ele impôs esta proibição há dois anos, depois de uma onda de violência. Os judeus são autorizados a visitar o local, mas não podem rezar.
Desde outubro de 2015, a violência já matou 282 palestinos, 44 israelenses, dois jordanianos, um eritreu, um sudanês e uma britânica, de acordo com uma contagem da AFP.
E a violência, embora tenha diminuído acentuadamente, custou a vida neste domingo de mais um palestino, morto depois de tentar abrir fogo contra as forças israelenses na Cisjordânia, segundo o Exército.