Nos últimos anos tive o prazer de ampliar as relações comerciais com a China e conhecer de perto a cultura empreendedora desenvolvida naquele país – estive lá por mais de 15 vezes. Digo que, sem sombra de dúvidas, a China é um país fascinante, que nos próximos 30 ou 40 anos deverá se tornar o país mais rico do mundo, e com importantes exemplos no que diz respeito ao empreendedorismo.

Não é segredo que estamos tratando de uma das maiores economias mundiais, com taxa de crescimento de 7% ao ano, e que após a abertura da economia do país, vem proporcionando ótimas oportunidades de cooperação internacional. Supreendentemente, tem se mostrado também um campo menos hostil do que o Brasil para quem quer empreender.

Abrir um negócio na China tem seus lados positivos e também seus desafios, é claro. Enquanto no Brasil a burocracia e a tributação são um entrave para novos negócios, fazendo com que a abertura de uma escola de futebol, por exemplo, leve até seis meses, na China isso acontece em menos de 30 dias. O governo tem investido no setor e os tramites são muito mais ágeis, com grau de barreiras muito menor. Nesse sentido, diria que o Brasil está longe de ser um país competitivo.

Além disso, a China passa por um processo de transformação. Estudos apontam que a mentalidade empresarial tem mudado, e que os empreendedores estão buscando, cada vez mais, oportunidades de negócios: quase 15% da população adulta na China, nos últimos anos, está engajada em empreendedorismo, enquanto 11% possui ou gerencia um negócio estabelecido.

Se por um lado os chineses estão cada vez mais engajados em alcançar novas oportunidades, por outro lado o governo chinês tem tido uma importante participação no incentivo à inovação e empreendedorismo. A China, com um mercado interno fantástico, tem se posicionado como um país que incentiva o desenvolvimento de alta tecnologia, investindo em infraestrutura, educação e emprego, o que torna as indústrias de lá mais competitivas.

O governo chinês enxergou na criação de novas empresas de base tecnológica uma saída para aquecer a economia. Como forma de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento, apostou em políticas públicas que beneficiam o pequeno e médio empreendedor com, por exemplo, a isenção tributária para empresas que desenvolvem novas tecnologias ou novos produtos. Trata-se de incentivar o chamado “empreendedorismo em massa”.

O País conta com diversos fundos de investimentos que oferecem subsídios para a criação de novos negócios, além de milhares de incubadoras que oferecem apoio ao desenvolvimento de projetos nascentes de base tecnológica. Há dez anos, o pensamento do jovem universitário chinês era sair da faculdade e trabalhar para o governo. Hoje a mentalidade é outra: o jovem chinês quer sair da universidade e abrir o próprio negócio.

A China dá claros exemplos de que investir no incentivo ao empreendedorismo é um caminho inexorável. São boas práticas que podem ser seguidas por outros países como ferramenta de transformação social, fortalecendo a economia, além de gerar emprego e renda.