A base de comparação depreciada ajudou a impulsionar os resultados da produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis em fevereiro, ponderou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. A fabricação de bens de capital cresceu 2,9% em fevereiro de 2017 ante o mesmo mês do ano anterior, enquanto a produção de bens de consumo duráveis saltou 19,8% no período.

“A base de comparação do setor industrial, em especial para essas duas categorias econômicas, registrava taxas negativas mais acentuadas. Os segmentos que tiveram queda importante no início de 2016 acabam tendo no início de 2017 uma expansão mais acentuada, como as atividades de máquinas e equipamentos, veículos automotores, produtos eletrônicos, máquinas e aparelhos elétricos. Mas isso é muito mais para relativizar esse crescimento de bens duráveis de 19,8% em fevereiro”, contou Macedo.

Em bens duráveis, houve expansão de automóveis e eletrodomésticos, enquanto que a fabricação de bens de capital foi mais puxada por equipamentos para o setor agrícola.

“Isso caminha na esteira dessa safra recorde esperada para esse ano. Então acaba tendo destaque importante para colheitadeiras, todo esse aparato para o setor agrícola”, lembrou Macedo.

A indústria havia recuado 11,5% no primeiro bimestre do ano passado. No primeiro bimestre deste ano, houve avanço de 0,3%. A taxa acumulada em 12 meses pela indústria mostra redução no ritmo de queda em função da melhora recente que a produção vem mostrando, disse Macedo. Em junho de 2016, a taxa acumulada pela indústria em 12 meses estava negativa em 9,7%, mas chegou a fevereiro em -4,8%.

Um indicador que apresentou piora no último mês foi o índice de difusão, que aponta a quantidade de produtos com queda na produção. O índice de difusão da indústria caiu de 54,2% em janeiro para 45,8% em fevereiro, embora tenha havido melhora para bens de consumo duráveis, que passou de 40,0% para 45,7%.

“O que tem de novo é que alguns segmentos importantes, alguns relacionados a bens duráveis, vêm de alguma forma melhorando seu nível de estoques. Mas a situação não está normalizada, o que faz com que um comportamento mais positivo num mês seja seguido por uma queda no mês seguinte”, ponderou o gerente do IBGE. “Acaba sendo uma característica de uma produção sem recuperação consistente”, concluiu.