O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), André Chagas, alterou a projeção do indicador para o fim do mês, de alta de 0,01% para queda de 0,01%. A modificação, diz, reflete principalmente o alívio nos preços dos combustíveis na segunda leitura de julho e os sinais de que esse movimento irá continuar. “A mudança deve-se mais ao comportamento dos preços da gasolina, por causa da nova política de preços da Petrobras, que permite atualização diária”, explica.

Diante desse cenário, Chagas estima que o grupo Transportes termine o mês com praticamente o mesmo recuo visto na segunda leitura, de 0,49%. A previsão, contudo, é de baixa de 0,42%. “Gasolina teve a maior contribuição de queda do IPC da segunda quadrissemana, mas o etanol também ajudou”, diz.

Na segunda quadrissemana (últimos 30 dias encerrados no dia 15), o IPC teve declínio de 0,15%, depois de estabilidade. O resultado veio praticamente dentro do previsto por Chagas, que aguardava -0,14%. Conforme o economista, a retração de 2,92% registrada nos preços da gasolina foi a principal contribuição negativa do IPC, de 0,07 ponto porcentual. Já o etanol, que mostrou recuo de 4,49% no período, permitiu alívio de 0,02 ponto ao IPC, refletindo o momento de colheita. “O repasse de queda do atacado para o varejo nos preços dos combustíveis está sendo mais forte”, diz.

Chagas, a despeito da queda maior que a prevista em alguns itens alimentícios na segunda quadrissemana, estima que o grupo Alimentação voltará para o campo positivo no fim do mês, devendo ficar em 0,02%. Na segunda leitura, houve declínio de 0,74% deste conjunto de preços. “A parte de semielaborados, principalmente carnes, apresentou queda maior que a prevista”, afirma.

O segmento de alimentos semielaborados intensificou o ritmo de retração de 0,45% para 1,58% na segunda medição do mês, com destaque para carnes que também aumentara a velocidade de queda no período. O maior declínio foi registrado em carne bovina, de 2,98%, após baixa de 2,74%; carne suína ficou 1,55% mais barata (de -0,99%); os preços de aves tiveram queda de 2,08% (de -0,58%) e os de pescados cederam 1,78% (de -1,71%).

Em razão do clima frio, a expectativa é que os preços de carnes continuem no campo negativo, diz Chagas. “O inverno rigoroso pode seguir beneficiando os preços de carnes”, reforça.

Já os alimentos in natura podem caminhar para o terreno positivo até o fim do mês, depois de caírem 1,76% na segunda leitura ante -4,08% na primeira medição. A principal fonte de pressão deve advir, segundo o coordenador do IPC, das frutas que estão passando por um momento “natural” de devolução das quedas passadas. No ano até abril, o declínio é de 16,75% e, na segunda quadrissemana as frutas ficaram 2,06% mais baratas, mas a um ritmo menor em relação à anterior (-4,07%). “Os tubérculos podem ser os únicos a continuar em queda, por causa da batata. Já legumes e verduras devem empurrar o segmento de in natura para cima”, estima.

Na segunda quadrissemana, os tubérculos tiveram retração de 10,72%, depois do recuo de 10,18% na primeira leitura. Os preços da batata, por sua vez, cederam 23,25%. “A queda de temperatura talvez atrapalhe os preços de verduras, já as frutas não devem ser pressionadas, pois o principal polo é a Bacia do São Francisco, onde o clima está favorável”, explica. Entre a primeira e a segunda quadrissemana, o item verduras passou de alta de 1,61% para 3,51%.