A Fecombustíveis, que representa aproximadamente 40 mil postos revendedores de combustíveis de todo o País, diz que o setor não tem condições de absorver e deve repassar integralmente ao consumidor o aumento das alíquotas de PIS/Cofins cobradas na venda de gasolina, diesel e etanol.

“A margem de lucro na comercialização de combustíveis vem caindo. Hoje, está em torno de 12%. Não temos gordura para absorver parte do aumento de imposto”, comenta o presidente da entidade, Paulo Miranda Soares. “Recebemos o anúncio com pessimismo. Achávamos que sairíamos da recessão e, de repente, nossa carga que já era alta, em torno de 40% a depender do Estado, sobe ainda mais”, acrescenta.

Estima-se que as novas alíquotas de PIS/Cofins representem uma alta de 36 centavos no preço do litro da gasolina vendida nos postos. O peso dos dois tributos na hora de abastecer o carro subiu de 31 centavos para 67 centavos, conforme cálculo que leva em conta a mistura de 27% de etanol anidro, cuja tributação é menor, na composição da gasolina comum.

Na quinta-feira, na nota em que confirmaram o aumento dos impostos como medida que visa a reduzir o rombo das contas públicas, os ministérios da Fazenda e do Planejamento divulgaram tabela que mostra um aumento das alíquotas para 79 centavos, mas hoje a Receita Federal esclareceu ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que essa cifra se refere à tributação da gasolina pura, antes da adição ao álcool.

Soares, que tem uma rede de postos no Rio de Janeiro, conta que distribuidoras de combustíveis do Estado já estavam praticando hoje os novos preços. Segundo ele, o reajuste nas bombas tem impacto sobre o consumo porque, ainda que muitas vezes o uso de carro seja inevitável, os motoristas acabam buscando reduzir o quanto podem o número de viagens para fugir dos preços mais altos do combustível.

“A expectativa era que o setor revendedor de combustível crescesse entre 1% e 2% neste ano, mas pelo que estamos vendo ficou mais difícil. Aumentos de combustíveis atingem rapidamente o consumo. Percebemos isso na hora”, afirma o presidente da Fecombustíveis.