O professor coordenador da MOBFOG, José Canalle, durante a VIII Mostra Brasileira de Foguetes, realizada na cidade de Barra do Piraí/RJ. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Professor João Canalle, coordenador da OBATomaz Silva/Agência Brasil/Arquivo

Os estudantes Bruno Gorresen Mello (PA), João Vitor Guerreiro Dias (SP), Nathan Luiz Bezerra Martins, Pedro Pompeu de Sousa Brasil Carneiro e Vinicius Azevedo dos Santos (CE), vão representar o Brasil na 11ª Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, na sigla em inglês), que acontecerá em Phuket, na Tailândia, em dezembro. Na edição anterior, realizada na Índia, o Brasil obteve três medalhas de bronze, sendo uma delas inédita na competição em equipe, além de três menções honrosas.

Outros cinco estudantes (Bruno Caixeta Piazza, Danilo Bissoli Apendino, Fernando Ribeiro de Senna, Henrique Barbosa de Oliveira e Miriam Harumi Koga, todos do estado de São Paulo) integram a seleção brasileira que disputará a 9ª Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), no Chile, em outubro. No ano passado, o evento ocorreu na Argentina e os brasileiros conquistaram o 1º lugar no quadro geral de medalhas, com duas de ouro, duas de prata e uma de bronze.

Os alunos foram selecionados depois de mais de um ano de provas e preparação. A primeira etapa, ‘online’, aconteceu após a 19ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), no ano passado, e envolveu mais de 3 mil estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas de todo o Brasil, dos quais 100 se classificaram para uma etapa presencial em março deste ano, em Barra do Piraí (RJ). Desses, foram escolhidos 30, que passaram por provas e assistiram palestras no município de Vinhedo (SP).

Agora, os jovens selecionados se acham em processo final de treinamento, disse hoje (14) à Agência Brasil o coordenador nacional da OBA, o físico João Batista Garcia Canalle, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Até viajarem, as equipes terão mais um encontro presencial em Vinhedo, onde está localizado o Observatório Abrahão de Moraes, da Universidade de São Paulo (USP), e também estudarão à distância.

“No observatório, eles fazem toda uma revisão de manuseio de telescópio e de observação do céu do evento, através do planetário que simula o céu do dia, hora e local da olimpíada. No caso da Olimpíada Latino-Americana, os alunos também constroem e lançam foguetes, porque tem uma prova desse tipo. Tem provas de análise de dados, a gente vai fazer também com eles. Temos ainda exercícios específicos a partir de observações realizadas por astrônomos e ainda perguntas típicas da astronomia e da astrofísica, além de astronáutica, no caso da OLAA”, disse Canalle.

Expectativa

O coordenador da OBA acredita que este ano, o Brasil “vai surpreender nos resultados das duas olimpíadas internacionais, porque modificamos o sistema de seleção”. Até o ano passado, os dez estudantes que representavam o Brasil na IOAA e na OLAA eram selecionados em março e dali até a viagem, não tinham um outro grande compromisso com a organização da OBA “exceto continuar estudando” por conta própria, salientou Canalle.

Este ano, 100 estudantes fizeram uma prova em março, dos quais foram tirados 30. “E, semanalmente, eles tinham que fazer uma lista de exercícios, que não existia até então. Aplicamos várias provas, calculamos uma média. Publicamos essas notas e, em seguida, continuamos dando mais listas de exercícios para eles, que tinham que nos mandar até a meia-noite de domingo”. Foram quase 20 listas de testes sucessivos nos dois primeiros treinamentos. Na semana retrasada, foram selecionados os dez estudantes que representarão o Brasil nos certames internacionais.

“Com certeza, eles estudaram muito mais, porque a seleção ficou mais concorrida. Você tinha 30 alunos disputando as dez vagas por um tempo muito maior do que ocorreu no ano passado. Então, eu acho que na Olimpíada Latino-Americana nós vamos nos sair muito bem.. Mas nunca tivemos medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica, que tem a participação de 42 a 45 países, bem maior que a latino-americana, e com uma filosofia muito distinta da nossa. São indianos, coreanos, chineses que, geralmente, se saem melhor. Mas como a nossa equipe está melhor preparada, temos expectativas mais positivas este ano”, falou Canalle.