O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou nesta terça-feira, 1, que a companhia está “caminhando bem” no que diz respeito à meta de desalavancagem. O executivo lembrou que o plano de desinvestimentos e a geração de caixa são itens fundamentais para a redução da dívida e frisou que a empresa vai “manter a disciplina” na execução do plano de negócio, que foca na redução da alavancagem.

“Nossa alavancagem ainda é mais que o dobro da média da indústria”, afirmou Parente, que deu palestra em evento na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio. “Parcerias e desinvestimento têm papel fundamental na redução da dívida”, disse o executivo.
Parente ressaltou que a companhia levantou US$ 13,6 bilhões em 2015 e 2016 com a venda de ativos e que a meta para 2017 e 2018 é levantar outros US$ 21 bilhões. “Todo recurso de desinvestimento é usado na amortização da dívida”, afirmou o executivo.

O presidente da Petrobras destacou ainda a redução nos juros dos títulos de dívida da estatal desde o início da sua gestão. Quando chegou ao cargo, os juros cobrados pelo mercado apontavam para um calote na dívida no curto prazo.

Outro item importante para a desalavancagem, disse Parente, foi a geração positiva de caixa. Segundo ele, de 2007 a 2014, a empresa registrou geração negativa de caixa, mas de 2015 em diante isso mudou. “Completamos oito trimestres de geração positiva de caixa. Isso é um ado fundamental para dar conta da nossa dívida”, afirmou Parente.

Sucessão

Parente afirmou que a companhia está estudando um “plano de sucessão” para os cargos de diretoria executiva da empresa. Parente fez o comentário quando citava ações em prol da melhoria da gestão da estatal. “Estamos trabalhando em plano de sucessão para os diretores executivos para consolidar a profissionalização da gestão da empresa”, disse Parente na palestra, após listar várias ações de melhoria da governança.

Entre as ações, o executivo citou o fim das indicações de políticos para diretorias da empresa, a avaliação da integridade de pessoas indicadas para postos chaves, a formação de um conselho de administração apenas com membros “independentes”, mesmo no caso dos indicados pelo controlador, além da criação de um canal interno para denúncias anônimas sobre irregularidades.

Outra medida de governança adotada em sua gestão, lembrou Parente, está na análise de riscos. Segundo ele, um executivo foi designado para acompanhar cada um dos riscos relevantes para companhia, como mudanças nas condições de mercado (cotação do petróleo e câmbio) e processos judiciais. Ao mencionar os riscos regulatórios, Parente citou as mudanças na gestão da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “A partir da nova direção da ANP esses riscos começam a ter redução relevante”, afirmou Parente.

Mercado de derivados

Parente afirmou que há competição relevante no mercado brasileiro de derivados de petróleo e que a participação de mercado da estatal é um ponto que tem sido levado em conta pela companhia em suas discussões sobre a política de preços. O fator está ao lado de câmbio e preço do barril de petróleo.

De acordo com o executivo, atualmente a Petrobras responde por 49% da importação de derivados no País, contra 51% de terceiros. “Temos sim competição em derivados de petróleo. A questão de market share para a Petrobras tem se tornado tema de nossas considerações quando discutimos política de preços”, disse.

Parente deixou o evento sem falar com a imprensa alegando que está em período de silêncio. A Petrobras divulga seu balanço do segundo trimestre em 10 de agosto.