Com poucas obras em carteira e com a imagem arranhada por causa do envolvimento no escândalo de corrupção, a Engevix conta com o contrato de montagem eletromecânica da Hidrelétrica Belo Monte (que dura até 2020) para garantir as contas em dia, pelo menos, pelos próximos dois anos, afirmam especialistas do setor.

O contrato vai ajudar a manter o nível de receitas entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões na área de construção e R$ 130 milhões da área de engenharia de projetos – até 2013, o faturamento da construtora era de R$ 1,2 bilhão. É com essa estrutura de receita que a empresa espera se reerguer enquanto resolve questões judiciais. Além de estar na mira do Tribunal de Contas da União (TCU) por alguns projetos, ela tem duas ações de improbidade em andamento. Por isso, negocia um acordo leniência com o Ministério Público Federal.

Enquanto essas pendências não se resolvem, a empresa tem agregado alguns pequenos serviços na carteira de projetos. Em março, a empresa conquistou um contrato em Pernambuco para elaboração do projeto de recuperação da Barragem Inhumas, em Garanhuns. O valor: R$ 293 mil – bem distantes dos bilionários contratos do passado. Um mês antes foi a única qualificada na tomada de preços para fazer o projeto executivo de reparo da barragem Paranã (GO), de R$ 257 mil.

No mercado externo conseguiu um contrato um pouco maior: de US$ 2 milhões para uma barragem na Bolívia. Embora sejam serviços pequenos, fontes do setor afirmam que neste momento o importante é se manter ativa no mercado até a turbulência passar.

“Nesse processo todo, as empresas vão encolher drasticamente ou desaparecer”, diz um especialista em infraestrutura, que prefere não se identificar. Na Engevix, o risco de “desaparecer” existe se a empresa não conseguir fechar o um acordo de leniência com o Ministério Público. “O mercado financeiro, o mercado de capitais e investidores estrangeiros não querem saber de empresas com problemas. Sem acordo de leniência, fica difícil se recuperar”, disse outra fonte do setor.

A reestruturação da empresa está baseada na reorganização da estrutura atual, renegociação de dívidas, criação de novos mercados e no Comitê de Compliance independente. Também prevê definir o destino de alguns ativos que continuam no portfólio da companhia.

Ativos. A Engevix tem, por exemplo, participação na Via Bahia – grupo que detém a concessão das BRs 116 e 324, no Estado baiano. A expectativa é que a empresa venda sua participação para o grupo canadense PSP Investment, que em 2015 comprou a fatia da Isolux na concessão. O negócio ajudaria a Engevix a reforçar o fluxo de caixa.

Outro projeto que pode ter mudanças é a Hidrelétrica São Roque, de 141 MW, em Santa Catarina. Com 80% das obras concluídas, a empresa busca um sócio para terminar a usina já que não há mais recursos para tocar o empreendimento. Por enquanto, o objetivo é continuar como sócio, mas se as negociações não avançarem pode haver a venda integral do projeto, apurou o Estado. O banco BTG Pactual foi contratado para procurar opções no mercado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.