É fácil definir, em poucas palavras, o empreendedor sul-africano Elon Musk. Ele pode ser considerado o inventor do futuro. Suas empresas representam sua visão sobre o mundo. A Tesla, por exemplo, fabrica o carro do futuro. A Hyperloop, o trem do futuro. A SolarCity gera a energia do futuro. A SpaceX é o futuro das viagens espaciais. Se você quer ter uma ideia de como será o futuro (perdão pela repetição excessiva do termo), não é possível vislumbrá-lo sem saber o que pensa Musk. Por esse motivo, ele está sendo considerado o novo Steve Jobs, o cofundador da Apple (1955-2011), que revolucionou diversos setores da economia, como o da computação, da música, dos celulares e do entretenimento. “Elon Musk tem uma agenda muito mais ambiciosa do que Jobs, embora não tenha desenvolvido ainda um produto com tanto sucesso como os Macs ou os iPhones”, afirma o jornalista Ashlee Vance, autor do livro Elon Musk: como o CEO bilionário da SpaceX e da Tesla está moldando nosso futuro, publicado pela editora Intrínseca no Brasil. “Mas não há dúvida de que ele é o novo Steve Jobs.”

Nascido em Pretória, na África do Sul, em 1971, Musk mudou-se para o Canadá com 17 anos. Era filho de uma mãe canadense com um sul-africano. Em 1992, foi estudar administração e física na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Após concluir os estudos, tentou um Ph.D na Stanford University, na Califórnia. Mas deixou o curso para fazer sua veia empreendedora fluir. Em 1995, aos 24 anos, criou a Zip2, um guia de empresas de internet, que foi comprada pela Compaq por US$ 307 milhões em 1999. Neste mesmo ano, ele foi um dos fundadores da X.com, que se tornou a empresa de pagamentos online PayPal.

2014: há três anos, DINHEIRO colocava Elon Musk em sua capa, reconhecendo no empreendedor o espírito inovador de uma era

Três anos depois, ela foi comprada pela eBay por US$ 1,5 bilhão. Musk faz parte do grupo que foi chamado de a “máfia do Paypal”, um time de empreendedores que trabalhou na companhia e depois se notabilizou no Vale do Silício, região dos Estados Unidos que abriga as principais empresas de tecnologia e de internet. Os membros mais ilustres dessa gangue tecnológica do bem incluem ainda Peter Thiel, um dos primeiros investidores do Facebook e dono da empresa de big data Palantir, e Reid Hoffman, fundador da rede social LinkedIn, comprada pela Microsoft por US$ 26,2 bilhões, em 2016.

Essa atuação já seria responsável por colocar Musk como um dos grandes nomes do Vale do Silício. Mas, a partir de então, o empresário começou a testar os limites do futuro, desenvolvendo projetos que alguns consideram coisa de maluco. “Há uma aura de insanidade em tudo o que Musk faz, mas seus projetos provêm de algo muito lógico”, afirma Vance. O aquecimento global é um problema? Então, Musk resolveu criar a Tesla para desenvolver carros elétricos. Hoje, a montadora do futuro vale aproximadamente US$ 60 bilhões, mais do que a centenária Ford e um pouco atrás da GM – neste ano, por um breve momento, a Tesla ficou à frente da GM. O transporte de trem é ineficiente? Por que não criar um tubo a vácuo para transportar pessoas em alta velocidade. Surgiu assim a Hyperloop, projeto cuja patente ele cedeu a outros empreendedores para que a desenvolvesse. Na SpaceX, Musk fez o que parecia impossível: construir foguetes do zero e levá-lo ao espaço. “Algumas pessoas não gostam de mudar, mas você precisa abraçar a mudança, se a alternativa for um desastre”, gosta de dizer Musk, para justificar seus projetos.

Nos últimos tempos, o CEO bilionário da Tesla, dono de uma fortuna estimada em US$ 21,8 bilhões, envolveu-se em projetos ainda mais malucos. O principal deles é o seu plano de levar o homem à Marte e estabelecer uma colônia humana no Planeta Vermelho a partir de 2023. “Quando Musk me disse que planejava se aposentar em Marte, eu realmente achei que ele era maluco”, diz Vivek Wadhwa, membro eminente da Singularity University e da Stanford University. “Agora, não acho mais que ele seja louco. Ele construiu foguetes e está fazendo isso se tornar real.” O dono da Tesla também investiu na Neuralink, uma startup cujo objetivo é ligar o cérebro humano a chips. E, como não bastasse isso, criou uma nova empresa que batizou de The Boring Company, cujo objetivo é criar túneis debaixo das cidades para acabar com os congestionamentos, algo que o irrita muito, principalmente em Los Angeles.

O desafio de Musk, agora, é mostrar que suas ideias sobre o futuro podem dar certo. “Suas empresas precisam provar que podem ser lucrativas, como a Apple e a Pixar”, diz Vance. A Tesla, por exemplo, enfrenta uma série de problemas de produção com o modelo 3, o carro elétrico mais barato da montadora, que custa a partir de US$ 35 mil. A previsão era fabricar 1,6 mil unidades por mês até o fim de setembro. Mas a produção está 83% abaixo da meta. “Duvido que ele terá sucesso em todas as suas iniciativas”, afirma Vance. “Mas estou convencido que a SpaceX vai levar o homem para Marte em um relativo curto espaço de tempo.” Como Musk será lembrado no futuro? “Musk é o maior visionário e inovador de nossos tempos”, acredita Wadhwa. “Ele será tão conhecido como o inventor americano Thomas Edison, o pintor italiano Leonardo da Vinci e o físico alemão Albert Einstein.” E conclui: “Ele é real.”


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