O dólar fechou em alta pelo terceiro dia seguido nesta terça-feira, 25, com o mercado de olho no fortalecimento da moeda no exterior antes da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), amanhã, e dados positivos da economia dos EUA. Internamente, outro fator que corroborou para a valorização foram os rumores de possível mudança na meta fiscal.

Durante a tarde, o dólar estressou e renovou máximas ante o real, atingindo o patamar dos R$ 3,17, após um conceder liminar que suspende os efeitos do decreto que elevou as alíquotas de PIS/Cofins cobradas na venda de combustíveis, de acordo com o diretor da Wagner Investimentos, José Raimundo Faria Júnior, o que minaria os esforços do governo em manter a meta fiscal.

“A decisão do juiz é tecnicamente acertada. A Constituição Federal veda que quaisquer aumentos relativos a contribuições sociais, como o PIS e a Cofins, tenham efeito antes de transcorridos 90 dias da publicação do ato”, explicou o sócio da área tributária do L.O. Baptista Advogados, João Victor Guedes. O intuito é trazer previsibilidade e segurança jurídica aos contribuintes.

A notícia adicionou cautela em meio a rumores de que a elevação da alíquota do PIS/Cofins sobre os combustíveis e o corte de R$ 5,9 bilhões nas despesas do Orçamento não serão suficientes para cumprir a meta de déficit fiscal de R$ 139 bilhões neste ano, gerando duas alternativas: mais aumentos de impostos ou ampliação do rombo para além dos R$ 139 bilhões aprovados na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) em 2016.

Especialistas de mercado não acreditam em uma ampliação do déficit, mas sim em mais aumento de impostos. Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o governo deve elevar mais tributos, uma vez que esta é uma marca de Meirelles. “Ele lutou para conseguir o PIS e Cofins, ele tem o aval do governo e deve buscar mais”, disse.

Sobre os rumores de uma eventual saída de Meirelles, os especialistas são céticos. “É muito cedo para falar em saída de Meirelles. As portas ainda estão abertas para mais elevação de impostos”, apontou o analista-chefe da Rico, Roberto Indech, destacando que o fato de o governo ter demonstrado transparência para os investidores gera credibilidade. “Não podemos afirmar categoricamente sobre uma mudança na meta, pois ainda temos a arrecadação no segundo semestre”, acrescentou.

O dólar começou a ganhar força compradora ainda pela manhã depois do forte avanço da confiança do consumidor nos EUA em julho ante junho. Segundo os profissionais de câmbio, a divisa americana acelerou os ganhos ao redor do mundo em um movimento de prevenção antes da decisão de juros do Fed. Embora não seja esperada uma mudança na atual taxa dos fed funds, entre 1,0% e 1,25%, o mercado aguarda por diretrizes que o colegiado poderá fornecer no comunicado sobre o ritmo de aperto monetário neste ano.

No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,70%, aos R$ 3,1690. O giro financeiro somou US$ 2,19 bilhões. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1389 (-0,25%) e, na máxima, aos R$ 3,1732 (+0,83%).

No mercado futuro, o dólar para agosto subiu 0,81%, aos R$ 3,1755, na máxima. O volume financeiro movimentado somou US$ 15,58 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1415 (-0,26%) a R$ 3,1750 (+0,79%).