Tensões geopolíticas envolvendo a Coreia do Norte e os EUA e incertezas em torno da aprovação da reforma da Previdência – após ameaça do Centrão de não votar reforma – levaram o dólar a fechar em alta ante o real, atingindo o patamar dos R$ 3,15.

O mundo acordou atento nesta quarta-feira, 9, às ameaças trocadas entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o da Coreia do Norte, Kim Jong Un, ontem à noite. A inteligência dos EUA concluiu ontem que a Coreia do Norte desenvolveu recentemente a capacidade de produzir uma ogiva nuclear que se encaixaria no míssil balístico intercontinental que vem desenvolvendo.

Isso, aliado às afirmações de que a Coreia do Norte estava se movendo para fazer sistemas de armas defensivos ativos, levou o presidente americano a ameaçar Pyongyang com “fogo e fúria” como o “mundo nunca viu”. A Coreia do Norte, por sua vez, respondeu dizendo que estava considerando um ataque preventivo contra as forças dos EUA no território americano de Guam, no Pacífico. Hoje, Trump exaltou o arsenal nuclear americano, dizendo que foi renovado e modernizado desde o início de sua gestão.

Embora especialistas e consultorias sinalizem ser muito difícil a chance de um ataque, uma vez que a Coreia do Norte não teria chance alguma, o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, aponta para as incertezas que o imbróglio gera. “Mesmo que não tenhamos um ataque, o que deverá ser feito para resolver essa situação? Isso gera incertezas e é isso que fez com que o dólar se valorizasse ao redor do mundo”, explicou.

Internamente, as dúvidas em relação à aprovação da reforma da Previdência também impulsionaram o movimento comprador. Dois maiores partidos do Centrão, PP e PR cobram do presidente Michel Temer cargos no segundo e terceiro escalões do governo em troca de terem ajudado o peemedebista a barrar a denúncia por corrupção passiva na Câmara dos Deputados na semana passada. Nas conversas com auxiliares de Temer, líderes do Centrão ameaçam votar contra matérias de interesse do governo no Congresso, principalmente a reforma da Previdência, se não receberem os cargos.

“Parte do Congresso falando que vai dificultar a votação da reforma da Previdência ou até mesmo não votar pressionou o dólar para cima hoje”, disse o operador da corretora MultiMoney Durval Corrêa.

No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,75%, aos R$ 3,1530. O giro financeiro somou US$ 833,7 milhões. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1485 (+0,20%) e, na máxima, aos R$ 3,1536 (+0,76%).

No mercado futuro, o dólar para setembro subiu 0,88%, aos R$ 3,1690. O volume financeiro movimentado somou US$ 14,25 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1485 (+0,22%) a R$ 3,1720 (+0,97%).