O dólar no mercado doméstico manteve-se sintonizado à alta registrada no exterior durante a tarde desta sexta-feira, 4, ainda no embalo da forte criação de empregos (payroll) em julho nos Estados Unidos e do aumento das apostas em alta de juros em dezembro no país. No CME Group, em Chicago, as expectativas subiram para 50,4 ante 40,2% antes do dado.

O operador da corretora Spinelli José Carlos Amado diz que a valorização ficou em linha com o exterior e só não foi maior devido à conjuntura local mais favorável, incluindo as contas externas, indicadores de atividade melhores e inflação fraca, além de expectativas de andamento da reforma da Previdência. Havia espaço para correção de alta e, ainda assim, a queda acumulada em 30 dias segue em cerca de 5,5% no mercado á vista e de 6% no futuro, calcula.

O diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer, concorda que o rumo hoje foi dado pelo exterior. Acrescenta que, além do efeito do payroll sobre o dólar, o euro segue pressionado pela sinalização do Banco Central Europeu de que o cenário atual na zona do euro ainda requer um “grau muito substancial de acomodação monetária”, com o objetivo de que as pressões inflacionárias ganhem força e apoiem os preços no médio prazo.

Internamente, Spyer destaca como limitador do ajuste os sinais de confiança emitidos pela agência Moodys e pelo banco JP Morgan hoje em relação à equipe econômica e o andamento das reformas.

Em visita à sede do jornal “O Estado de S. Paulo” nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse com exclusividade ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que não vê como risco para o trabalho de equilíbrio das contas públicas o fato de a base aliada do governo sinalizar interesse em votar as reformas política e tributária antes da Previdência. Para o ministro, o importante é que não se perca o foco da reforma da Previdência.

Meirelles afirma que, a despeito de qualquer outra coisa, é importante que a reforma tributária seja votada o mais rápido possível. “O presidente da Câmara está falando em já pautá-la para setembro, o mês que vem, e, se isso acontecer, eu acredito que teremos todas as condições, de fato, de aprovar a Previdência até o final de outubro”, disse ele.

No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 0,46%, a R$ 3,1275. O giro total registrado somou cerca de US$ 1,202 bilhão. No mercado futuro, o dólar para setembro encerrou com ganho de 0,54%, aos R$ 3,1470, com giro financeiro de US$ 13,023 bilhões.