O dólar renovou máximas ante o real diversas vezes nesta tarde de quinta-feira, 10, após novas ameaças do presidente do EUA, Donald Trump, em relação à Coreia do Norte e incertezas em torno da mudança da meta fiscal, o que tem gerado dúvidas entre os investidores. Além disso, contribuiu para o movimento comprador a queda de quase 2% do petróleo. Com isso, o dólar fechou no patamar de R$ 3,17, o maior nível desde 17 de julho.

Em mais um capítulo do conflito geopolítico entre os EUA e a Coreia do Norte, Trump afirmou nesta quinta à tarde que a Coreia do Norte deveria mudar ou então enfrentaria “problemas como poucas nações já tiveram” e que o alerta de “fogo e fúria” para Pyongyang “talvez não tenha sido forte o suficiente”. O novo tom de ameaça levou o dólar a subir ante todas as moedas emergentes, ante movimento sem direção única durante o dia. Moedas consideradas porto seguro, como o iene e o franco suíço, também aceleraram os ganhos.

Além disso, o mercado operou cauteloso no aguardo pela divulgação de mudança nas metas fiscais de 2017 e 2018. No final da tarde, no entanto, os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, confirmaram que as discussões sobre a nova meta fiscal serão retomadas na próxima segunda-feira (14) e que “assim que houver uma decisão em relação à meta fiscal divulgaremos imediatamente”.

Esse “adiamento” estressou o mercado, uma vez que mais cedo fontes informaram ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que a mudança das metas fiscais de 2017 e 2018 seriam anunciadas ainda nesta quinta. A estimativa é de aumento de R$ 20 bilhões neste ano, passando o déficit de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, e de mais R$ 20 bilhões em 2018, para R$ 149 bilhões.

“O mercado já estava esperando um anúncio nesta quinta e o adiamento gerou incertezas”, disse o diretor de câmbio da Abrão Filho, Fernando Oliveira. Segundo ele, a falta do anúncio levou o mercado a fazer contas. “Um aumento de R$ 20 bilhões já era imaginado e com o adiamento, será que virá um aumento maior do que o esperado?”, acrescentou o diretor.

O diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer, pontuou que esta situação tem gerado um desconforto grande entre os investidores, sobretudo os estrangeiros. “A curva de juros na parte longa está abrindo há três dias e a percepção do investidor é que a inflação vai voltar com força e os juros terão que subir ano que vem, o que tem gerado um desconforto muito forte entre os estrangeiros”.

No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,69%, aos R$ 3,1749. O giro financeiro somou US$ 1,11 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1479 (-0,16%) e, na máxima, aos R$ 3,1759 (+0,72%).

No mercado futuro, o dólar para setembro subiu 0,62%, aos R$ 3,1885. O volume financeiro movimentado somou US$ 15,43 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1605 (-0,26%) a R$ 3,1920 (+0,72%).