O dólar se enfraqueceu nesta sexta-feira, 2, atingindo mínimas em vários meses frente a várias outras moedas, após o relatório de empregos (payroll) frustrar as expectativas dos analistas. O indicador aumentou as preocupações sobre o crescimento econômico e o ritmo dos planos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para normalizar os juros.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 110,40 ienes e o euro avançava a US$ 1,1285.

Os EUA geraram 138 mil novas vagas em maio, bem abaixo da previsão de 184 mil dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. A taxa de desemprego, por outro lado, recuou a 4,3%, no patamar mais baixo desde 2001.

O dado foi visto por alguns como argumento pela redução na probabilidade de que o Fed eleve juros em um ritmo agressivo. “Este foi um relatório ruim. Nós sabemos que os payrolls são voláteis, mas no contexto mais amplo isso mostra que as criações de vagas estão lentas”, afirmou Alessio de Longis, gerente de portfólio do OppenheimerFunds. Segundo ele, isso dá menos fôlego ao argumento de que o Fed poderia ser mais agressivo no aperto monetário. De Longis diz que o indicador não dá qualquer urgência ao Fed e mantém um teto sobre quanto o dólar pode subir no curto prazo.

De Longis afirmou também que o dólar tem sido apoiado pelos altos retornos, mas o impulso no crescimento favorece a Europa e os mercados emergentes. “O dado de hoje apoia essa visão”, argumentou.

Diante da fraqueza do dólar, o euro bateu máxima em nove meses. A moeda comum avança 7,1% até agora neste ano, atingindo o maior patamar desde agosto.

A libra, por sua vez, não variou muito nesta sessão, recuperando-se da fraqueza recente. A moeda do Reino Unido tem mostrado volatilidade nos últimos dias, em reação a pesquisas sobre a eleição geral de 8 de junho no país, que pode ser bem mais disputada do que o antes previsto. A premiê Theresa May quer uma vitória folgada para consolidar sua maioria no Legislativo e ter mais força para discutir o processo da saída do país da União Europeia, o chamado Brexit. Algumas das pesquisas, porém, sugerem uma disputa mais acirrada.