Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar subiu frente ao real nesta quarta-feira, sustentado por uma disparada da moeda norte-americana no exterior em meio a temores de aperto monetário agressivo nas principais economias, mas encerrou o pregão bem distante dos picos intradiários, penalizado pelo salto do Ibovespa na esteira de avanço nos preços do petróleo.

A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,39%, mas ficou muito abaixo do maior patamar do dia, quando subiu 1,49%, a 5,2450 reais. Na mínima da sessão, atingida na parte da tarde, o dólar chegou a cair 0,15%, a 5,1602 reais.

Alguns investidores atribuíram esse arrefecimento à notícia de que a Opep+ concordou nesta quarta-feira em promover o corte mais profundo na produção de petróleo desde o início da pandemia de Covid, de 2 milhões de barris por dia, restringindo a oferta em um mercado apertado apesar da pressão dos Estados Unidos e de outros por mais produção.

“Essa notícia fez com que o preço do petróleo subisse de maneira mais forte, e, consequentemente, ativos atrelados ao petróleo subiram; no nosso caso, a Petrobras”, explicou Marco Noernberg, responsável pela área de renda variável da Manchester Investimentos, sobre o enfraquecimento da moeda norte-americana frente aos picos do pregão.

“Com a Petrobras subindo, nosso mercado ganha um pouco mais de fôlego, isso leva nosso índice para cima e o dólar tende a ficar mais fraco, é uma relação muito comum.”

O Ibovespa fechou em alta acentuada nesta quarta-feira, na contramão da queda em Wall Street, com a Petrobras ficando entre os destaques positivos do pregão. Os preços do petróleo subiram quase 2% nesta sessão.

No entanto, o ambiente global mais amplo ainda se mostrava difícil para ativos considerados arriscados e ajudou o dólar a fechar em terreno positivo, depois que dados desta quarta-feira mostraram resiliência na criação de empregos no setor privado dos EUA, o que pode ajudar a justificar a manutenção de postura agressiva de política monetária por parte do Federal Reserve.

Um índice do dólar frente a uma cesta de rivais fortes avançava 0,8% nesta tarde, após registrar perdas no início da semana em meio a esperanças –já deixadas de lado– de que os principais bancos centrais poderiam ser menos agressivos do que o temido ao elevar os juros.

“A aversão a risco global e o aperto monetário em curso nos EUA podem gerar volatilidade e alimentar uma desvalorização do real” à frente, avaliou a Santander Asset em carta mensal divulgada nesta quarta-feira.

Por outro lado, a instituição destacou o diferencial de juros elevado entre Brasil e outras economias como um fator positivo para o real, de forma que manteve sua visão para o câmbio como neutra. A Santander Asset projeta o dólar em 5,10 reais tanto ao final desde ano quanto no fim de 2023.

A taxa Selic está atualmente em 13,75%, depois que o Banco Central se adiantou a pares de outras economias no aperto monetário. O nível alto dos juros torna os retornos do real interessantes para investidores estrangeiros.

Enquanto isso, participantes do mercado local continuavam monitorando o cenário eleitoral, depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a consolidar apoios para o segundo turno contra o atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Além do apoio anunciado pelo PDT na véspera, o ex-presidente recebeu o anúncio formal do apoio da candidata do MDB, Simone Tebet, que terminou em terceiro lugar na votação de domingo.

Na B3, às 17:09 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,12%, a 5,2135 reais.

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