O dólar acelerou os ganhos ante o real nesta segunda-feira, 14, após a notícia de que o anúncio das novas metas fiscais para 2017 e 2018 – que era esperado para hoje – pode ser adiado novamente, segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o que gerou incertezas. Fatores externos também influenciaram no movimento altista. A redução das ameaças entre os EUA e a Coreia do Norte melhorou o humor lá fora e aumentou o apetite por risco, levando a moeda americana a avançar ante moedas consideradas porto seguro, como o iene e franco suíço. Além disso, dados abaixo do esperado na China penalizaram as divisas ligadas a commodities, assim como a queda de mais de 2% do petróleo.

Esperado para hoje, o anúncio das novas metas fiscais para 2017 e 2018 pode ser adiado novamente. Entre os motivos está que a equipe econômica quer ter nas mãos o número mais exato possível para evitar qualquer necessidade de novas mudanças. Diante das incertezas, o mercado seguiu cauteloso em meio a rumores de que o valor possa chegar a R$ 189 bilhões neste ano, com algumas apostas focadas em R$ 170 bilhões. O Broadcast apurou que o governo poderá anunciar revisões dos déficits primários para R$ 159,5 bilhões, equivalentes ao rombo registrado em 2016. Até agora, a equipe econômica trabalhava com metas menores de déficit para este ano (R$ 139 bilhões) e R$ 129 bilhões em 2018.

“Estas são discussões bastante complexas e envolvem uma série de questões. Não basta simplesmente anunciar a meta e perspectivas para 2017. Envolvem vendas de concessões de aeroportos, hidrelétricas, além de outras coisas”, ponderou o analista-chefe da Rico, Roberto Indech.

De acordo com profissionais do mercado, esse novo adiamento gera mais incertezas em torno da revisão e especulação de que o número pode vir maior do que o imaginado.

Fatores externos também foram determinantes para o alta do dólar hoje. O diretor da Wagner Investimentos, José Raimundo Faria Júnior, destacou dados abaixo do esperado da China, com destaque para a produção industrial, que cresceu 6,4% em julho na comparação anual, ante expectativa de +7,0%. Diante disso, as moedas ligadas a commodities foram penalizadas, uma vez que a China é o maior comprador de matérias-primas.

Além disso, o petróleo fechou em queda superior a 2%, no menor nível em três semanas, com os investidores atentos à produção dos Estados Unidos e com preocupações em torno do acordo de redução na oferta por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,65%, aos R$ 3,1998. O giro financeiro somou US$ 698 milhões. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1743 (-0,15%) e, na máxima, aos R$ 3,2058 (+0,83%).

No mercado futuro, o dólar para setembro caiu 0,12%, aos R$ 3,2015. O volume financeiro movimentado somava cerca de US$ 15,29 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1860 (-0,60%) a R$ 3,2180 (+0,38%).