O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, afirmou nesta terça-feira, 25, que o superávit em conta corrente de março, de US$ 1,397 bilhão, foi “muito bom diante das expectativas”. Ele lembrou que o BC projetava há cerca de 30 dias atrás déficit em conta de US$ 1,5 bilhão em março.

“O desempenho da balança comercial justifica o superávit em conta em março”, afirmou Maciel, durante entrevista coletiva. Segundo ele, as exportações de soja foram destaque na balança comercial, com 16% de crescimento em relação a março do ano passado. “O minério de ferro é destaque também das exportações, já que os termos de troca estão favoráveis”, citou.

Abril

Ele informou que a instituição projeta superávit de US$ 1,4 bilhão para abril nas transações correntes brasileiras.

“A balança comercial, até a terceira semana de abril, aponta superávit de US$ 5,2 bilhões”, citou Maciel, ao justificar a perspectiva de que a conta corrente também seja superavitária este mês.

O chefe do Departamento Econômico comentou que, com os resultados da balança comercial neste início de 2017, a projeção do BC, de superávit de US$ 51 bilhões para o ano, está ficando conservadora. Ao mesmo tempo, Maciel afirmou que ainda é cedo para falar algo com maior precisão a respeito de possíveis mudanças na projeção.

“Tivemos US$ 6 milhões de incremento da balança comercial no primeiro trimestre”, citou Maciel. “As exportações cresceram 25% e as importações avançaram 12% no período”, destacou.

Viagens

A melhora da perspectiva da atividade econômica somada ao câmbio mais favorável têm incentivado o turismo de brasileiros no exterior. Maciel nota que a tendência continua em abril. No mês até o dia 20, a conta de viagens internacionais registra rombo de US$ 710 milhões. Mantida a tendência, o déficit de abril terá crescido 63% na comparação com o igual mês do ano passado.

Dados preliminares do BC indicam que o gasto de brasileiros no exterior somou US$ 1,023 bilhão no mês até o último dia 20. Ao mesmo tempo, estrangeiros em viagem ao Brasil deixaram no País o equivalente a

US$ 313 milhões.

Segundo Túlio Maciel, o aumento do déficit em viagens internacionais era esperado diante da melhora da perspectiva da atividade econômica e com o câmbio mais favorável para o brasileiro – com valorização e estabilização do real na comparação com o dólar.

Maciel chamou atenção que esse cenário fez com a conta de viagens acumulasse déficit de US$2,623 bilhões nos três primeiros meses de 2017, valor 132% maior que o observado em igual período do ano passado.

Remessas

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central destacou também o aumento do fluxo de lucros e dividendos e o pagamento de juros no exterior este ano. Conforme os dados do BC, em março as remessas de lucros e dividendos somaram US$ 1,874 bilhão e o pagamento de juros somou US$ 1,335 bilhão.

“Há maior fluxo de lucros e dividendos este ano, refletindo o quadro macroeconômico melhor e o câmbio”, afirmou Maciel, durante entrevista coletiva. Segundo ele, até 20 de abril a remessa de lucros e dividendos ao exterior soma US$ 205 milhões. Já o pagamento de juros soma, no período, US$ 2,102 bilhões.