A qualidade do crédito das companhias brasileiras que recebem atribuições de rating da agência Standard & Poor’s piorou em 2016, com os defaults atingindo patamar recorde, de dez, segundo relatório da S&P. A agência cita distúrbios políticos, a fraqueza no preço das commodities e recessão econômica mais profunda como fatores importantes para esse movimento.

“Com o Brasil enfrentando um perfil de crédito enfraquecido, a S&P Global Ratings rebaixou seu rating soberano de longo prazo em moeda estrangeira para BB (com perspectiva negativa), de BB+ em fevereiro de 2016”, lembrou a agência. Isso levou a vários rebaixamentos de corporações, “particularmente instituições financeiras”, que tinham ratings vinculados ao soberano. Além disso, a S&P colocou em 22 de maio de 2017 os ratings BB de longo prazo do Brasil em observação para eventual rebaixamento, após recentes alegações de corrupção contra o presidente Michel Temer, o que complica mais o quadro político do País, na avaliação da agência.

Diretora de pesquisa de renda fixa global da S&P, Diane Vazza diz acreditar que a pressão sobre o crédito continuará em 2017, principalmente por causa das incertezas políticas e das condições econômicas, bem como pela qualidade de crédito mais fraca das corporações no Brasil, mais suscetíveis a choques macroeconômicos que companhias com ratings mais elevados.

A S&P diz também que, atualmente, a mediana do rating corporativo no Brasil está em BB, com mais de 90% das companhias avaliadas tendo grau especulativo (BB+ ou inferior).