O sucesso econômico de uma nação é medido, primordialmente, pela taxa de crescimento do PIB. Em tese, quanto maior, melhor. Mas o quanto dessa riqueza gerada se transforma em bem estar para a população é uma conta um pouco mais complexa. E os dois índices – de crescimento econômico e geração de bem estar – não estão diretamente relacionados. A conclusão é do estudo Sustainable Economic Development Assessment (SEDA), produzido pela consultoria americana The Boston Consulting Group (BCG). Ele calculou a relação entre crescimento econômico e qualidade de vida entre 2012 e 2016, utilizando 44 indicadores, distribuídos ao longo de 10 dimensões e três grandes temas: economia, sustentabilidade e investimentos.

Entram na conta desde aspectos relativos à sociedade, como ativismo cívico, confiança e liberdade; até dados puramente financeiros, como inflação, renda e emprego. A grande questão é que países com rendas per capita e PIBs similares apresentam desempenhos diametralmente opostos. O fundamental, diz a consultoria, está na díade força das instituições e baixa desigualdade. É o que explica a diferença entre duas nações de tamanho econômico similar: Vietnã e Nigéria. A primeira, com grandes resultados nos aspectos sociais e cívicos, apresenta a maior taxa de conversão de riqueza em bem estar entre todos os países pesquisados: 1,4.

Já os africanos, ricos em Petróleo, têm um dos piores desempenhos globais (0,6) – situação recorrente em países petroleiros, como a Venezuela (0,8). O Brasil, apesar da crise, apresenta resultados satisfatórios, na média global. Em relação aos Brics, o País só perde para a Índia em conversão de riqueza em bem estar, mas tem um desempenho superior quando se mede a taxa de conversão de crescimento do PIB em benefícios para os cidadãos. Em resumo, o que a pesquisa mostra é que o crescimento econômico só vale a pena se vem acompanhado do fortalecimento das instituições e de distribuição de renda.

(Nota publicada na Edição 1031 da Revista Dinheiro)