Um ano após entrar em recuperação judicial, em 20 de junho de 2016, a empresa de telefonia Oi ainda não chegou a um acordo com seus milhares de credores.

Neste período turbulento, a companhia sofreu ameaça de intervenção federal e protagonizou briga entre os acionistas controladores e os seus credores.

Mas independentemente desse impasse, a operadora, que tem dívidas de R$ 65,4 bilhões, conseguiu tocar a sua vida e melhorou alguns índices operacionais.

A companhia atualmente tem em caixa R$ 7,7 bilhões. Quando entrou em recuperação judicial, o dinheiro que sobrava em seus cofres somava R$ 5,1 bilhões, insuficiente para manter a operação e pagar as dívidas.

Mas a companhia começou a queimar caixa, mesmo em recuperação judicial, neste ano. No fim de 2016, a Oi tinha R$ 7,8 bilhões. Em abril deste ano, dado mais recente, a geração operacional líquida de caixa negativa de R$ 231 milhões.

Vale a ressalva que o aumento no caixa da operadora de telefonia só foi possível por conta da recuperação judicial. Pela lei, a Oi não está pagando os credores, o que lhe dá um tremendo alívio de curto prazo.

No primeiro trimestre de 2017, o prejuízo foi de R$ 200,1 milhões. Não dá para comemorar um dado que ainda tinge o balanço de vermelho. Mas ele é bem inferior ao resultado do mesmo período do ano passado, quando a operadora perdeu R$ 1,8 bilhão

As ações da Oi também se valorizaram neste período. No dia 20 de junho do ano passado, os papéis preferenciais da companhia (OIBR4) valiam R$ 0,99. No dia 16 de junho, estavam cotados a R$ 3,44, uma valorização de 247%. O valor de mercado também saiu de R$ 809,2 milhões para R$ 2,6 bilhões, alta de 221%.

Apesar dessa supervalorização, a Oi ainda está bem barata, principalmente se comparada as suas competidores no mercado brasileiro. A Telefônica e a TIM valem R$ 72,3 bilhões e R$ 22,9 bilhões, respectivamente.

O balanço do primeiro trimestre de 2017 mostra também que as reclamações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) reduziram-se 28,2%. No Procon, elas caíram 21,5%.

Por outro lado, a Oi ainda precisa resolver o papagaio de sua bilionária dívida. Desde que entrou em recuperação judicial, a operadora apresentou dois planos que foram recusados pelos credores.

A grande questão a ser resolvida é o quanto ceder da companhia aos credores. Os atuais controladores – a Pharol, antiga Portugal Telecom, e o empresário Nelson Tanure, com histórico de investir em empresas com problemas financeiros – querem perder o mínimo possível. Os credores desejam uma fatia que pode chegar até 80%.

Até agora, nenhum dos dois conseguiu chegar a um consenso.  Não é, de fato, um impasse fácil de ser resolvido, dado aos interesses e as personalidades de todos os envolvidos na questão.  Mas dele depende o futuro da Oi.

A assembleia dos acionistas para decidir sobre a aprovação do plano deve acontecer em setembro deste ano. Até lá, muita negociação ainda deve acontecer. Por enquanto, como mostram os números, a Oi está conseguindo tocar o seu barco.