A União Europeia (UE) pediu nesta segunda-feira que o Brasil trabalhe para recuperar a confiança dos importadores, enquanto o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, admitiu que a imagem do país foi “muito atacada” pelo escândalo.

“Espero que as autoridades brasileiras entendam que precisam atuar o mais rápido possível para restabelecer a confiança em seus sistemas de controle”, disse o comissário europeu de Saúde e de Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitisk em uma entrevista à AFP no Rio de Janeiro.

O comissário europeu será recebido na terça-feira em Brasília pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

A visita de Andriukaitis “é um espaço importante (…) para fazer todos os esclarecimentos, mostrar quais são os procedimentos, onde estão as nossas preocupações”, disse Maggi em uma entrevista coletiva em Brasília.

A Polícia Federal revelou no dia 17 de março a operação “Carne Fraca”, com denúncias de que grandes frigoríficos haviam subornado fiscais sanitários para que eles autorizassem a venda de carne vencida ou adulterada.

O caso repercutiu imediatamente no exterior, e vários países importadores bloquearam suas compras, embora alguns importadores importantes, como a China, tenha limitado a suspensão aos frigoríferos envolvidos no escândalo.

“Nossa imagem foi muito atacada nos últimos dias, os comentários fora são muito ruins”, admitiu Maggi.

“Nossos concorrentes, aqueles que querem nossos lugares, estão se aproveitando desse momento de fragilidade para poderem conquistar e fazer os mercados serem melhores para eles”, acrescentou.

O ministro anunciou que fará nas próximas horas uma teleconferência com autoridades de Hong Kong para tentar reverter as restrições do maior importador de carne bovina do Brasil.

“Temos respondido a todos os questionamentos, mas se querem mais alguma explicação estamos prontos para dar. Vamos ver se hoje à noite a gente consegue convencê-los de que as informações são suficientes”, acrescentou Maggi.

As vendas de carne trouxeram de 13 bilhões de dólares à economia brasileira em 2016. A China é o segundo maior comprador de carne bovina e de frango do Brasil.

Na semana passada, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) informou que as exportações de carne tiveram uma queda de 63 milhões de dólares diários de antes do escândalo para 74.000 dólares registrados no dia 21 de março.

No entanto, nessa segunda-feira o ministério informou que a queda das vendas de carne da semana passada se limitou a 20% em relação à semana anterior, sem detalhar o volume das vendas diárias, solicitado por la AFP.