A chinesa Great Wall Motor anunciou, nesta segunda-feira (21), sua ambiciosa intenção de adquirir a montadora ítalo-americana Fiat-Chrysler Automobiles (FCA), após relatos de que queria comprar a Jeep, uma das marcas da empresa.

O acordo seria muito benéfico para a indústria automobilística da China, mas nos Estados Unidos pode acirrar tensões políticas. O presidente Donald Trump já criticou o desequilíbrio comercial entre seu país e o gigante asiático.

A Great Wall Motor é a sétima colocada entre as montadoras chinesas em termos de vendas – foram 1,07 bilhão de unidades na China e 17,4 mil no exterior no ano passado. A compra da FCA elevaria a empresa a um novo patamar.

“Estamos interessados em realizar esta aquisição”, disse à AFP uma porta-voz da Great Wall, sem especificar se o negócio seria voltado para a FCA inteira, ou apenas para uma de suas marcas.

O site especializado Automotive News já havia informado o interesse da Great Wall Motor e que sua presidente, Wang Fengying, entrou em contato com a Fiat-Chrysler para expressar seu interesse em adquirir a Jeep.

Em um pronunciamento, a FCA disse que “não foi abordada pela Great Wall acerca da Jeep, ou de qualquer outro assunto relativo a negócios”.

A porta-voz da chinesa não confirmou se as duas empresas já tinham entrado em contato.

– ‘Joia da coroa’ –

O diretor-executivo do grupo consultivo Gao Feng, Bill Russo, disse acreditar que a Great Wall Motor está interessada apenas na Jeep, em vez de adquirir toda a FCA e herdar seus passivos.

“A Jeep é a joia da coroa da Fiat Chrysler em termos de marca e de equidade”, disse à AFP Russo, ex-executivo da Chrysler.

A Great Wall é conhecida por seus veículos utilitários e esportivos, populares na China. O negócio seria, portanto, “bem complementar”, disse o analista.

A China é o maior mercado de veículos mundial, e as vendas de SUVs no ano passado subiram 45%, com 9 milhões de unidades vendidas, segundo dados da indústria.

A Fiat Chrysler vendeu 110 mil carros fabricados na China na primeira metade deste ano, graças, sobretudo, à alta das vendas de Jeeps montados em parceira com o grupo GAC.

Com a venda de seus modelos em declínio nos Estados Unidos, uma aquisição da China poderia dar uma sobrevida à FCA, em especial para as marcas Chrysler, Dodge e Fiat.

O CEO da FCA, Sergio Marchionne, separou a Ferrari do grupo em 2015 e gostaria de fazer o mesmo com Alfa Romeo e Maserati. Portanto, a venda de qualquer uma de suas outras marcas para um investidor chinês estaria dentro de sua estratégia corporativa.

“Eles podem conseguir um bom preço” pela Jeep, avaliou Russo.