Alto mar: o terminal de Paranaguá tem capacidade para movimentar 1,5 milhão de contêineres e responde por 10% do setor no País (Crédito:Ivan Bueno/APPA)

Os chineses estão, literalmente, aportando no Brasil. A China Merchants Port (CMPort), gigante de operações portuárias do país asiático, fechou a compra de 90% da TCP, empresa que opera o terminal de contêineres de Paranaguá, no Paraná, por R$ 2,9 bilhões. Para assumir o controle da TCP, os chineses adquiriram as ações do fundo de private equity Advent, dono de 50% da empresa, e papeis de acionistas minoritários, que detinham outros 40% da operadora. “A CMPort expandiu rapidamente e entende que a entrada na América Latina é crucial”, disse, em nota, o diretor-geral da companhia, Bai Jingtao.

A transação evidencia os movimentos agressivos da China no setor de portos. Até meados de 2018, a expectativa é de que empresas chinesas desembolsem mais de US$ 20 bilhões para comprar ou investir em terminais marítimos, segundo estudo realizado pelo banco de investimentos Grisons Peak, sediado em Londres. É mais de duas vezes o valor investido um ano atrás, no mesmo período. A grande maioria dos negócios, no entanto, está localizada na rota entre a Ásia e a Europa. Isso se deve ao projeto One Belt, One Road, que prevê mais de US$ 1 trilhão em investimentos para ligar diversos mercados, entre eles o africano, o europeu e o do Oriente Médio, ao gigante asiático. “Esse aumento nos investimentos em transporte marítimo não é uma surpresa”, afirmou Henry Tillman, CEO do Grisons Peak.

O Brasil acaba se beneficiando indiretamente do One Belt, One Road, também conhecido como a nova rota da seda. Entre janeiro e agosto deste ano, o País respondeu por 6,6% das aquisições feitas por empresas chinesas no exterior, totalizando um investimento de US$ 7,3 bilhões. Na área portuária, a China aporta em grande estilo. Com capacidade para movimentar 1,5 milhões de Teus (como são chamados os contêineres padrões, de 20 metros), a TCP é responsável por cerca de 10% dos contêineres que entram no País. Em dois anos, a empresa espera aumentar sua capacidade para 2,5 milhões de Teus. Já a CMPort, cujo faturamento foi de cerca de US$ 5,6 bilhões no ano passado, tem capacidade para lidar com 95 milhões de Teus. Os chineses estão chegando. E por todos os lados.