A divulgação da operação Carne Fraca criou uma preocupação geral, justificada ou não, com a segurança alimentar e com a qualidade da produção de proteína no Brasil. Agora, os especialistas concordam que, para garantir a recuperação da reputação do produto brasileiro, será preciso que as empresas do setor adotem medidas mais restritivas de controles e divulguem isso para a sociedade. O presidente da República, Michel Temer, deu um caminho por meio da assinatura, no fim de março, da atualização do Riispoa (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal). A regra ainda era a mesma desde o primeiro decreto, assinado por Getúlio Vargas em 1952, há 65 anos. Um dos itens atualizados inclui na rotina de fiscalização a realização de análises de biologia molecular, como o exame de DNA.

A frequência com que serão feitos ainda não está definida. Apenas recentemente as primeiras empresas brasileiras começaram a fornecer exames de DNA ou de microbiologia nas carnes. “A própria indústria precisa garantir mais confiança ao consumidor, e tratar a qualidade como uma questão que vai além de compliance”, diz Marcela Drummond, presidente da Myleus, uma startup de serviços de segurança alimentar, que oferece os testes desde o ano passado.DIN1013-sustenta2 “Projetos de qualidade precisam acontecer de forma consistente e estratégica.” Os testes de DNA na carne são muito parecidos com os de paternidade humana, e servem para identificar a espécie do animal utilizado e se não há misturas no alimento, explica a bióloga e executiva. Os importadores de pescado, por exemplo, usam para se assegurar de que receberam os tipo de peixes encomendados.

(Nota publicada na Edição 1013 da revista Dinheiro)