A grande polêmica do festival francês Cannes não envolveu um dos candidatos à Palma de Ouro, mas sim um serviço de streaming. Na 70a edição, o evento mudou as regras do jogo. A partir de 2018, os filmes que não estrearem em salas francesas não poderão competir. É a resposta à Netflix, que chegou a Cannes com dois filmes de produção própria que não vai exibir na França. “A Netflix é uma nova plataforma que oferece conteúdo pago, o que em princípio é bom e enriquecedor”, disse diretor espanhol Pedro Almodóvar, presidente do júri (foto abaixo, no centro). “Me parece um enorme paradoxo dar uma Palma de Ouro e qualquer outro prêmio a um filme que não pode ser assistido na tela grande”. Importantes cineastas europeus, incluindo Michael Haneke (Áustria), Wim Wenders (Alemanha), os irmãos Dardenne (Bélgica), Stephen Frears (Reino Unido) e os espanhóis Fernando Trueba e Alejandro Amenábar assinaram também um manifesto em favor do cinema europeu contra os gigantes da internet.

(Nota publicada na Edição 1020 da Revista Dinheiro)