20/10/2017 - 19:00
Como uma empresa que trabalha com financiamento, cobra 12% de taxa de seus clientes e busca incessantemente o aumento de sua lucratividade pode se definir como uma iniciativa social? “O empreendedorismo social não deve ser voluntário”, responde Candice Pascoal, fundadora da Kickante, a maior plataforma de crowdfunding do mercado brasileiro, que, ao contrário de outros sites do gênero, tem se voltado a levantar recursos por meio da internet para causas ambientais e sociais.
O crowdfunding é uma forma de conseguir financiamento coletivo pela internet, uma espécie de vaquinha virtual. Com o advento da economia colaborativa, as pessoas físicas, empresas ou até mesmo organizações não governamentais (ONG) podem cadastrar seus projetos para buscar recursos em plataformas online. Pode ser um livro, um novo produto ou até mesmo um projeto pessoal. Desde que surgiu, em 2013, a Kickante publicou 72 mil campanhas, que, ao todo, captaram R$ 57 milhões.
Segundo Candice, a maior captação na América Latina foi liderada pela Kickante. O Santuário Animal Rancho dos Gnomos, de Cotia (SP), uma ONG que acolhe animais silvestres e exóticos, conseguiu pouco mais de R$ 1 milhão em 2016. O dinheiro foi usado para a compra de um novo terreno para abrigar os bichos.
Esse não é o único exemplo que mostra como a Kickante tem ajudado a causas de impacto social e ambiental. A ONG WimBelemDon, que trabalha a inclusão de crianças em vulnerabilidade social por meio da prática do tênis, captou pouco mais de R$ 400 mil para a campanha Fixando Raízes. O dinheiro também foi destinado para a construção da nova sede. Gigantes internacionais também utilizam a plataforma.
A ONG Médicos Sem Fronteiras conseguiu R$ 143 mil em doações para sua operação. Já o Greenpeace levantou R$ 139 mil para financiar a compra de painéis solares que foram instalados em escolas públicas. As campanhas bem-sucedidas geram uma empresa lucrativa e atrativa para investidores. A cada ano, Candice faz uma rodada de captação de fundos. Em todas as quatro primeiras, o objetivo de US$ 1 milhão foi alcançado. Segundo ela, investidores de Estados Unidos, Europa, China e Brasil, cujo nomes não são revelados, apostaram na Kickante.
Aos 38 anos, Candice tornou-se um expoente da economia compartilhada brasileira e tem se mostrado uma verdadeira colecionadora de prêmios. Em 2017, Candice recebeu o Cartier Women’s Initiative Awards, um prêmio da empresa de luxo francesa de relógio e joias que encoraja o empreendedorismo feminino. A Kickante também ganhou o Fintech Awards Latam, promovido pela consultoria de marketing para o setor financeiro Cantarino Brasileiro. Seu livro “Seu sonho tem futuro” alcançou o primeiro lugar em vendas no segmento de negócios, segundo o site especializado no mercado editorial Publishnews.
Especial DINHEIRO 20 anos:
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