A Câmara de Comércio Exterior (Camex) adiou para 2020 o rompimento do acordo de frete marítimo firmado com o Chile desde 1974 que praticamente criou um duopólio na rota entre os dois países.

A Camex decidiu pelo rompimento em 2020, quando termina a vigência do atual contrato, renovado em 2015.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que defende o rompimento há anos, afirmou, em nota, que o setor privado não encontra nenhuma justificativa “plausível” para a decisão. Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, o convênio estabeleceu cláusula para a dissolução do acordo durante sua vigência, desta forma, não há explicação para a prorrogação do acordo.

“A decisão não ajuda a melhorar a competitividade da indústria. Estamos precisando de soluções imediatas e positivas, que gerem emprego, renda e um ambiente que se permita investir mais. Não é o que acontece com essa decisão”, disse Andrade.

Segundo a CNI, o Chile é o segundo maior parceiro do Brasil na América Latina e a manutenção do acordo vai impedir a criação de mais de 15 mil empregos, vai manter o frete em média 45% acima do mercado, e os preços dos produtos brasileiros importados do Chile vão permanecer em média 5% mais caro.

A confederação afirmou que é difícil entender porque o governo reuniu sete ministros para privilegiar dois armadores estrangeiros em detrimento de 5 mil empresas nacionais. “Ao manter uma reserva de mercado até 2020, o governo continua penalizando diariamente o comércio entre os dois países”, diz a nota.

Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o sobrepreço pago pela indústria extrativa que exporta para o Chile, por exemplo, é de 51,4%, as manufaturas pagam 46,4% a mais, a agropecuária 45,1% e o agronegócio 41,5%.

A FGV mostra que as exportações de manufaturas do Brasil para o Chile aumentariam 13,45% e do agronegócio subiriam 11,28% se o acordo fosse denunciado ainda este ano. Os principais benefícios para as exportações chilenas seriam na agropecuária, com incremento de 21,68% e na indústria extrativa, 19,4%.

A CNI avalia que o aumento da importação não é negativo, pois o Brasil importa insumos essenciais para a indústria, como o cobre. Com a abertura de mercado, os ganhos na corrente de comércio são de US$ 636 bilhões.