A compra do laboratório SalomãoZoppi,anunciada em janeiro pela Diagnósticos da América (Dasa), dificilmente receberá o sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), antes do final do primeiro semestre deste ano. Fontes familiarizadas com a operação, estimada em torno de R$ 600 milhões, dão como mais provável a aprovação a partir do mês de julho.

Uma das preocupações do órgão de controle da concorrência é a concentração de mercado advinda da compra. Com um faturamento de R$ 3 bilhões e uma extensa rede de 500 unidades formada por suas quatro bandeiras (Delboni, Lavoisier, Sérgio Franco e CDI), o grupo comandado pelo empresário Pedro Godoy Bueno, é o maior do setor de diagnósticos da América Latina e o quarto do mundo.

No Brasil, seu principal concorrente é o Fleury, de São Paulo, dono de uma rede de 141 unidades, que fechou 2016 com uma receita líquida de R$ 2,1 bilhões.

A aquisição do SalomãoZoppi é vital para a estratégia de crescimento da Dasa, sobretudo na faixa de clientes de alta e média renda, liderado pelo Fleury (em média, cada unidade do concorrente fatura R$ 14,8 milhões, contra R$ 6 milhões da Dasa). Esses números também se refletem na lucratividade das duas empresas: em 2016, enquanto o Fleury registrou na última linha do balanço um resultado de R$ 228,7 milhões, a Dasa ficou com apenas R$ 94,7 milhões.

Batizado de laboratório cor de rosa, o SalomãoZoppi é especializado no atendimento à mulher – cerca de 80% de sua clientela é feminina – e pela sofisticação de seus serviços e rigor nos diagnósticos.

No ano passado, suas 11 unidades, localizadas na Grande São Paulo (10 delas na capital paulista), faturaram R$ 350 milhões. Isso significa uma receita de R$ 31,8 milhões, superior tanto à média do Fleury quanto à da Dasa. Além disso, o SalomãoZoppi vinha apresentando nos últimos ano taxas mais aceleradas de crescimento (38%, em 2015, e 30%, em 2016) que as dos rivais.

Para o SalomãoZoppi, fundado em 1981 pelos médicos Luis Salomão e Paulo Zoppi, que permanecerão no comando, a aquisição pela concorrência, caso seja aprovada pelo Cade, é uma espécie de plano B para garantir a expansão do negócio.

Inicialmente, a ideia dos controladores era atrair um sócio investidor, que se dispusesse a adquirir 30% do capital, e preparasse o laboratório para um IPO na Bovespa. Fundos de private equity, como o brasileiro Advent, que já detém uma fatia de 13% do Fleury, e estrangeiros, como os americanos Warburg Pincus, Carlyle e KKR chegaram a ser apontados como possíveis interessados.

No entanto, as conversas com os fundos foram atropeladas pela entrada da Dasa na parada, sob a batuta de Godoy Bueno, herdeiro do empresário Edson de Godoy Bueno, fundador da Amil, falecido em fevereiro passado, um mês após o anúncio da transação. Com o SalomãoZoppi, a Dasa contará com uma bandeira forte e fará um upgrade que lhe garantirá um assento no pelotão de elite do setor.