Depois de se formar em desenho industrial na Rhode Island School of Design, o americano Brian Chesky estava desempregado e foi morar em São Francisco, onde alugou um apartamento com Joe Gebbia, um amigo da faculdade. Sem dinheiro para pagar as contas, os dois resolveram comprar três colchões de ar e alugá-los para profissionais de design industrial que visitariam a cidade para uma conferência e não tinham lugar para ficar, já que todos os hotéis estavam reservados. A ideia, chamada na época de AirBed & Breakfast, era oferecer um lugar para dormir, internet e café da manhã para os hóspedes em troca de alguns dólares. Deu certo e logo os dois perceberam que tinham um bom negócio nas mãos. Foi assim que surgiu, em 2008 o Airbnb, um dos maiores expoentes da chamada economia compartilhada.

2014: a onda da economia compartilhada, com o advento de empresas como Airbnb e Uber, conquista o Brasil

Quase 10 anos depois, o Airbnb se tornou um fenômeno da economia digital, ao lado da Uber, o aplicativo que permite que qualquer pessoa se transforme em um motorista. Seu grande diferencial é a possibilidade de ajudar pessoas comuns a obterem uma renda extra de forma prática, simples e até mesmo sustentável. “Ela movimenta a economia com ativos que estão ociosos”, diz Dora Kaufman, pesquisadora de redes digitais da Universidade de São Paulo. Hoje, o site tem 4 milhões de anúncios de casas, apartamentos e até mesmo castelos em 65 mil cidades de 191 países. A empresa já captou US$ 3,3 bilhões e é avaliada em US$ 31 bilhões.“O que importa na vida não são mais as coisas, mas as pessoas”, disse Chesky, em 2013, ao definir seu negócio. “O sonho americano de crescer e comprar um carro e uma casa está mudando.”

Aos 36 anos e com fortuna estimada em US$ 3,8 bilhões, o bilionário de Nova York incomoda o setor hoteleiro. “Quem não se adequar, terá dificuldades”, afirma Marcus Quintella, coordenador do MBA em Empreendedorismo da FGV. “Os hotéis, por exemplo, vão precisar sair da sua zona de conforto.” Fazer o Airbnb dar certo não foi fácil. Depois de conseguir recursos para a operação, Chesky precisava mostrar que estava preparado para ser o CEO de uma grande empresa. Para isso, precisou começar a ouvir mais as pessoas. “Quando era pequeno, me examinaram para ver se meus ouvidos realmente funcionavam”, disse à revista americana Fortune, em 2015.

Em busca de conhecimento, foi buscar conselhos com as pessoas mais variadas. O investidor Warren Buffet o contou em um almoço a importância de “evitar barulho desnecessário”. John Ivy, chefe de design da Apple, o aconselhou a ter paciência e não correr atrás de cada ideia mirabolante que pareça promissora. Até mesmo George Tenet, ex-diretor da agência de segurança da CIA, deu seus pitacos, ao afirmar que a melhor maneira de ser respeitado era buscar visibilidade.


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