Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Ibá: “É preciso monetizar as nossas riquezas ambientais”
Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Ibá: “É preciso monetizar as nossas riquezas ambientais”

A crise política brasileira pode atrapalhar o desenvolvimento de um grande negócio para o Brasil: os créditos de carbono. Essa é a opinião de Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), organização que representa toda a indústria de madeira nacional. Sem estabilidade, o Brasil será incapaz de se organizar para tirar proveito desse mercado, que precisa ser criado até 2020, quando entra em vigor o Acordo de Paris.

Uma das resoluções do documento, assinado por mais de 190 nações em 2015, diz respeito à implantação de um padrão global de créditos de carbono. Para isso, é necessário que cada país, ou região, desenvolva localmente seu mercado.DIN1020-sustenta3 “É preciso monetizar as nossas riquezas ambientais”, afirma Carvalhaes. “Esse é o maior patrimônio brasileiro.” Com 62% de seu território ainda ocupado por matas nativas, o Brasil tem um potencial único.

Atualmente, cerca de 40 países possuem mecanismos para a comercialização do carbono. Em 2015, esse mercado movimentou mais de 6 bilhões de toneladas e US$ 50 bilhões, segundo a ONG Climate Observer. Um dos setores mais interessados nisso é o de florestas plantadas, representado pela Ibá. Pelas contas da associação, em 2015, os 7,8 milhões de hectares de plantios florestais no País foram responsáveis pelo estoque de 1,7 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2eq).

O preço por tonelada varia dependendo do país. Na Suécia, ele chegou a US$ 137. “Com o desenvolvimento do setor de manejo de florestas naturais, esse número será ainda maior”, diz a presidente. O Congresso, no entanto, parece andar no sentido contrário. Na semana passada, o Senado aprovou duas Medidas Provisórias (MP) que permitem a exploração de uma área do tamanho da Áustria no Parque Nacional do Jamanxim, no Pará. As MPs haviam passado pela Câmara uma semana antes.

(Nota publicada na Edição 1020 da Revista Dinheiro)