A entrega da chamada “lista de Janot” chegou nos minutos finais de negociação na Bovespa nesta terça-feira, 14, a tempo de aprofundar a queda com que a bolsa já vinha operando. Ao final dos negócios, houve queda de 1,27%, com o Índice Bovespa aos 64.699,46 pontos, na mínima do dia. Os negócios somaram R$ 7,15 bilhões.

A movimentação do cenário político doméstico já vinha influenciando os ânimos dos investidores nos negócios da tarde, em meio também à influência negativa do cenário internacional. Na véspera da decisão de política monetária nos Estados Unidos e das eleições na Holanda, as bolsas norte-americanas e europeias tiveram um dia de baixas. A queda do petróleo também foi influência negativa e favoreceu as ordens de venda das ações da Petrobras, que ao longo do dia também refletiram temores de um possível atraso na venda de ativos. Ao final do dia, Petrobras ON e PN recuaram 3,75% e 5,43%, respectivamente.

Os momentos de maior ímpeto vendedor vieram com o noticiário político, aquecido pela expectativa da “lista de Janot” e pelos temores de que o governo tenha dificuldade para aprovar a reforma da Previdência de forma satisfatória e oportuna. Em resposta às especulações, a Casa Civil garantiu que o prazo com o qual o governo trabalha para a aprovação da reforma permanece sendo o final de abril.

A notícia da entrega da “lista” chegou quando o mercado já operava em call de fechamento.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou 320 pedidos para o Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações premiadas de 78 executivos da Odebrecht. Janot também pediu a retirada de sigilo de parte das revelações feitas pelos ex-funcionários da empreiteira baiana. A retirada do sigilo depende agora do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. Não houve, por ora, divulgação de nomes.

“Há tempos que a expectativa pela ‘lista de Janot’ vem azedando a bolsa. O que o mercado teme é que de alguma forma haja sério risco à reforma da Previdência”, disse Pedro Galdi, chefe de análises da Upside Investor. Segundo ele, a volatilidade deve permanecer presente nos negócios da bolsa nos próximos dias, pelo menos até que o cenário nacional e internacional mostre maior definição.