O superintendente da Área de Planejamento e Pesquisa do BNDES, Fabio Giambiagi, destacou que a instituição terá um cenário de maior concorrência com ou sem a aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP) pelo Congresso, em função da queda da taxa Selic. Com os cortes, a expectativa é que a taxa básica de juros fique próxima à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), utilizada pelo banco e hoje em 7% ao ano.

“É uma situação concorrencial nova pra o banco. Eu costumo dizer que como organização o desafio que a gente tem é comparável ao que a Petrobras teve em 1997 com o fim do monopólio do petróleo”, disse Giambiagi em coletiva de imprensa no Rio.

Segundo o superintendente, o BNDES hoje trabalha em suas simulações com uma TLP real (descontada a inflação) de 3%, ainda razoavelmente inferior à NTN-B de cinco anos, taxa de mercado, hoje em torno de 5%. A expectativa é que em cerca de cinco anos após entrar em vigor a TLP se aproxime das taxas de mercado.

O novo diretor da área de Planejamento e Pesquisa do banco, Carlos da Costa, afirmou que o fato de se adotar a TLP não significa que todas as linhas do BNDES terão essa taxa como referência. “A intenção não é acabar com o BNDES ou linhas que financiam o desenvolvimento. A TLP é uma nova base, mas o congresso poderá alocar recursos orçamentários para aquilo que faz mais sentido para o mercado brasileiro”, disse.

Costa assumiu o lugar de Vinicius Carrasco, considerado o “pai da TLP”, após o ex-diretor se demitir diante de críticas do presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, ao modelo. O novo diretor disse nesta sexta-feira, 11, que a discussão sobre a TLP não pode ficar reduzida ao prisma fiscal ou monetário.

O diretor das áreas de Crédito, Financeira e Internacional do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas, disse que a escolha do banco como novo dealer do Banco Central, esta semana, nada teve a ver com a problemática da TJLP versus TLP. “Não tem sentido o BNDES depender de intermediários para operar com o BC”, afirmou.