Por Anirban Sen

(Reuters) – A nova reviravolta de Elon Musk na compra do Twitter não poderia ter chegado em pior hora para os bancos que financiam uma grande parte do negócio de 44 bilhões de dólares.

Como em qualquer grande aquisição, os bancos procurariam vender a dívida para tirá-la de seus livros. Mas os investidores perderam o apetite por dívidas mais arriscadas, como empréstimos alavancados, assustados com os rápidos aumentos das taxas de juros em todo o mundo, temores de recessão e volatilidade do mercado impulsionada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

Grande parte dos 44 bilhões de dólares a serem pagos por Musk virá da venda de sua participação na fabricante de veículos elétricos Tesla e do financiamento de capital de grandes investidores. Ainda assim, os principais bancos se comprometeram a fornecer 12,5 bilhões de dólares.

Entre as instituições estão Morgan Stanley, Bank of America e Barclays. Mitsubishi UFJ Financial Group, BNP Paribas, Mizuho e Société Générale também estão inclusos.

Citando outras perdas recentes de alto nível acumuladas pelos bancos em financiamentos arriscados, mais de 10 banqueiros e analistas do setor disseram à Reuters que as perspectivas eram ruins para os bancos que tentavam vender a dívida.

O ‘pacote’ de dívida do Twitter é composto por 6,5 bilhões de dólares em empréstimos alavancados, 3 bilhões de dólares em títulos garantidos e outros 3 bilhões de dólares em títulos sem garantia.

“Do ponto de vista dos bancos, isso não é o ideal”, disse Dan Ives, analista da Wedbush Securities. “Os bancos estão de costas para a parede – eles não têm escolha a não ser financiar o negócio.”

Fontes de financiamento de risco também disseram anteriormente à Reuters que as perdas potenciais para os bancos de Wall Street envolvidos na dívida do Twitter podem chegar a centenas de milhões de dólares.

O Société Générale não respondeu a um pedido de comentário, enquanto os outros bancos não comentaram. O Twitter não comentou. Musk não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Na semana passada, um grupo de bancos teve que cancelar esforços para vender 3,9 bilhões de dólares em dívida que financiou o acordo da Apollo Global Management para compra dos ativos de telecomunicações e banda larga da Lumen Technologies.

O cancelamento ocorreu logo após um grupo de bancos ter que arcar com uma perda de 700 milhões de dólares na venda de cerca de 4,55 bilhões de dólares em dívidas que respaldavam a compra da empresa de software empresarial Citrix Systems.

“Os bancos estão em dificuldade com o Twitter – eles sofreram uma grande perda no negócio da Citrix há algumas semanas e estão enfrentando uma dor de cabeça ainda maior com este negócio”, disse Chris Pultz, gerente de portfólio de arbitragem de fusões da Kellner Capital.

(Reportagem adicional de Megan Davies, Lananh Nguyen, Sheila Dang e Hyunjoo Jin)

tagreuters.com2022binary_LYNXMPEI940TB-BASEIMAGE