Terminou de forma tumultuada a audiência pública realizada nesta terça-feira (25) sobre a operação de crédito do governo federal para o estado do Rio de Janeiro, envolvendo como garantia ações da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Apenas uma hora depois de começar, o evento foi interrompido pelos funcionários da Cedae, que subiram ao palco. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento Básico e Meio Ambiente (Sintsama), Humberto Lemos, considerou que faltou publicidade à audiência e disse que irá questionar sua validade na Justiça.

“Esta audiência não foi pública, pois não deixou o povo entrar, só chamaram os empresários e o sindicato só conseguiu entrar por pressão. Ela não valeu, estamos entrando com ação na Justiça, questionando a falta de publicidade para o povo poder assistir. Ela foi encerrada pelo meio, pelas questões que eles não puderam responder”, declarou Lemos.

Para o subsecretário da Fazenda, Luiz Cláudio Gomes, que conduziu os trabalhos, a audiência foi válida e focou principalmente na operação de crédito para o estado, lastreada na futura privatização da Cedae.

“Foi um ato necessário do processo de licitação, uma audiência pública. Perguntas foram feitas e nós apresentamos o modelo do que se espera da operação de crédito, que é um item do Regime de Recuperação Fiscal que está sendo tratado com o governo federal. Não foi uma confusão muito grande, as pessoas se manifestaram e a audiência terminou”, disse o subsecretário.

Privatização

A venda da Cedae faz parte de um empréstimo de R$ 3,5 bilhões da União para o Rio, verba que será usada, principalmente, para saldar a folha de pagamentos, incluindo os salários  atrasados de servidores da ativa e aposentados. Representantes de bancos interessados no negócio acompanharam a audiência, mas saíram assim que começou o tumulto.

Segundo os funcionários da Cedae, a companhia vale dez vezes mais do que está sendo cogitado, o que seria próximo a R$ 38 bilhões. Eles também alegam que, com a privatização, o consumidor passará a pagar mais pela água, a exemplo do que teria acontecido em empresas de saneamento vendidas à iniciativa privada em anos anteriores. Atualmente, segundo eles, diversas cidades no mundo estão revertendo os processos de privatização dos sistemas de água e esgoto.