Com uma nova geração de deputados – muitas vezes sem experiência política, jovens e com uma grande presença feminina -, a Assembleia Nacional francesa mudou de cara sob o impulso do novo presidente, Emmanuel Macron.

– Fim do bipartidarismo esquerda/direita –

Emmanuel Macron, que se tornou em maio o presidente mais jovem da história da França, completou sua tomada de poder relâmpago ao conseguir uma maioria absoluta na Assembleia Nacional, apenas um ano depois da criação de seu movimento centrista e pró-europeu.

O movimento presidencial A República em Marcha (LREM) e seu aliado centrista MoDem obtiveram no domingo nas legislativas 350 cadeiras de um total de 577.

Os partidos históricos de esquerda e direita que dominaram a França durante décadas sofreram uma derrota amarga. O Partido Socialista, que governou durante os últimos cinco anos, conseguiu apenas 30 cadeiras diante das 284 na Assembleia em fim de mandato. O partido conservador Os Republicanos manteve as 112 cadeiras, número insuficiente para impor uma coabitação com Macron.

– Uma Assembleia rejuvenescida –

A Assembleia perde mais de cinco anos na média de idade, passando de 54 anos em 2012 para 48 em 2017.

Campeão no norte da França de um duelo contra um candidato pró-Macron, o agora deputado, de extrema direita, Ludovic Pajot, de 23 anos, será o mais novo da Assembleia Nacional.

Este novo deputado de uma circunscrição desindustrializada na crise ficou conhecido por seus posicionamentos anti-imigração.

A deputada mais jovem da Assembleia em fim de mandato, Marion Maréchal-Le Pen, também era do partido de extrema direita Frente Nacional (FN). A sobrinha da líder do partido, Marine Le Pen, foi eleita quando tinha 22 anos, se tornando a deputada mais jovem da história da V República francesa, fundada em 1958.

– Uma Câmara com mais mulheres –

A nova Assembleia Nacional bate o recorde em número de mulheres, com 224 deputadas contra 155 em 2012.

Criado há pouco mais de um ano, o movimento presidencial conta com o número mais importante de mulheres entre suas fileiras, 47% de deputadas, ficando à frente do partido de esquerda radical, França Insubmissa (41%).

Entre as deputadas pró-Macron está a advogada Laetitia Avia, de 31 anos, que se tornou no domingo uma das primeiras mulheres de origem africana a chegar à Assembleia Nacional.

Esta feminilização vai melhorar a classificação da França, que até agora ocupava a 64ª posição a nível mundial em termos de igualdade de gênero, atrás de Bélgica (19ª), Alemanha (22ª) e Suíça (36ª), segundo uma lista da Inter-Parliamentary Union (IPU).

– Maior número de novatos –

Estas eleições avalizam uma renovação histórica da equipe parlamentar: um total de 424 representantes eleitos no total dos 577 desempenharão o seu primeiro cargo como deputados. Dos 345 candidatos a deputados que buscavam a reeleição, somente 140 conseguiram. Ao fim, aproximadamente 75% das cadeiras mudarão de ocupantes.

Todos os deputados da esquerda radical e 91% dos deputados da LREM são novatos na política, diante dos 40% dos deputados do partido conservador Os Republicanos e 6% dos socialistas.

Para muitos observadores, esta onda de novatos políticos na Assembleia prevê uma maioria dócil ao presidente francês, já que lhe devem o seu cargo.

“Vocês acham que iremos dizer a esses deputados: ‘sentem ali, votem a emenda e obedeçam’? Não, em absoluto”, assegurou nesta segunda-feira Jean-Paul Delevoye, presidente da comissão de posse da LREM.