SÃO PAULO (Reuters) – O dólar abandonou a firme alta de mais cedo e passou a cair nesta quinta-feira, com o mercado fortemente influenciado pela venda de meio bilhão de dólares pelo Banco Central via swaps cambiais, a primeira oferta líquida do tipo desde março e ocorrida após a cotação saltar acima de 5,30 reais no fim da manhã.

Às 13h31, o dólar à vista recuava 0,19%, a 5,2291 reais na venda.

O rali de mais cedo ocorreu em sintonia com a liquidação de moedas e outros ativos de risco nesta quinta, em meio a receios sobre o ritmo da recuperação econômica global. O clima político mais arisco no Brasil também se somou à pressão, e o dólar chegou a ensaiar a oitava alta consecutiva.

O BC anunciou a operação de venda de swaps às 11h40 (de Brasília), exatamente quando o dólar bateu a máxima da sessão (5,3146 reais, alta de 1,44%).

Imediatamente depois a moeda despencou, indo a 5,2780 reais. Na sequência, o dólar seguiu perdendo força e após a divulgação do resultado do leilão passou a mostrar queda de 0,37%, a 5,2196 reais, mínima da sessão.

“O dólar operando acima de 5,30 reais chamou a atenção do BC”, disse Vitor Péricles, estrategista-chefe da Laic Asset Management. “(O BC) está atuando com derivativos (swaps) para conter volatilidade”, completou.

A última vez que o BC havia anunciado oferta líquida de swaps cambiais fora em 12 de março, quando o dólar estava na casa de 5,55 reais.

Péricles lembrou ainda a desvalorização do real desde que o dólar tocou a mínima de junho, em torno de 4,90 reais, patamar considerado por ele como “eufórico”. “O mercado é que havia exagerado para baixo de 5,00 reais”, disse.

Pelo dólar futuro, entre a mínima da moeda dos EUA de 25 de junho (4,896 reais) e o pico desta quinta (5,327 reais), o real depreciou 8,1% (o dólar subiu 8,8%).

No mercado, a intervenção do BC no câmbio levantou questionamentos sobre eventual aceleração do ritmo de alta da Selic na reunião do Copom de 3 e 4 de agosto. Pelo entendimento de parte dos agentes financeiros, o BC deixou na última ata do Copom espaço aberto para intensificação no processo de normalização monetária, com eventual alta de 1 ponto percentual da Selic.

Com a atuação do BC, o real passou a ficar no meio da tabela de desempenho entre 33 pares do dólar, depois de estar entre as piores posições. A moeda brasileira tinha no fim da manhã a melhor performance dentre seus pares mais próximos, que ainda sofriam com a fuga de ativos de risco que derrubava ainda os mercados de ações no mundo.

O iene e o franco suíço, tradicionais ativos de segurança, saltavam 0,7% e 1,1%, respectivamente, no topo dos mercados globais de câmbio nesta sessão.

(Por José de Castro)

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