São Paulo, 14 – Pouco mais da metade das distribuidoras de insumos agropecuários do Brasil utilizam o barter – a troca de insumos por grãos – como ferramenta de comercialização. A 2ª Pesquisa Nacional da Distribuição mostrou que 56% das associadas adotam o barter. No entanto, apenas 23% delas têm 30% ou mais de seu faturamento atrelado a este tipo de operação. O restante da receita vem de vendas a prazo, com pagamento dos insumos na época da colheita, e a outra parte é feita à vista. Mato Grosso é o Estado onde o barter é mais utilizado, com 46% das revendas tendo 30% ou mais de sua receita vinculada à ferramenta. Em seguida, aparecem Minas Gerais, com 30%, Goiás, com 25%, Tocantins, com 24%, Paraná, com 17%, e Rio Grande do Sul e São Paulo, ambos com 12%. A pesquisa, que ouviu 65% das 371 empresas associadas à Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) e seus cerca de 1.600 pontos de venda distribuídos pelo País, foi apresentada nesta segunda-feira, 14, pelo diretor do conselho da Andav, Estevan Bento.

Uma das razões para a baixa adoção do barter pelas revendas, explicou o presidente executivo da Andav, Henrique Mazotini, é o fato de a ferramenta exigir um conhecimento específico para usá-la, além de parceria com tradings ou o travamento dos preços dos grãos em uma bolsa de mercadorias. “O barter é uma importante garantia de caixa e de crédito, especialmente para as revendas com menor faturamento, mas nem todas as empresas da Andav dominam o processo de realização de barter”, afirmou. A contratação de um seguro também é importante para a difusão da operação, acrescentou o presidente da Andav, para dar garantias às partes em caso de quebra ou perdas na safra.

A associação tem orientado seus associados a utilizarem mais o barter, a fim de aumentar a parcela de produtores que quitam o débito com insumos durante a colheita e, desta forma, reduzir o descasamento entre os períodos de compra de insumos pelas revendas e de recebimento do pagamento dos produtores. “Hoje o produtor (que não fez barter) está colhendo o produto mas não está quitando o insumo porque demora a comercializar o grão. Com o barter a revenda teria garantido o pagamento no momento da colheita”, disse Estevan Bento.

O levantamento da Andav também apontou que a associação movimentou 33,7%, ou R$ 37 bilhões, dos R$ 100,9 bilhões faturados em 2016 com a venda de fertilizantes, defensivos, sementes, nutrição animal e medicamentos veterinários. O porcentual se refere às vendas feitas pela indústria de insumos, cooperativas e tradings diretamente com produtores.

Das 371 associadas da Andav, somente 15 têm receita acima de R$ 500 milhões, de acordo com a pesquisa. Setenta delas registraram em 2016 receita entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões; 167 associadas, de R$ 20 milhões a R$ 100 milhões, e 119 delas, faturamento de até R$ 20 milhões.

O mercado de defensivos é a maior fonte de receita das distribuidoras com insumos (não inclui os ganhos com originação de grãos), responsável por 48% do faturamento. Em seguida estão as sementes, com 17% da receita, fertilizantes, com 13% e fertilizantes especiais, com 10%. O levantamento apontou também que o estoque de passagem atual das distribuidoras de insumos representa 23% de seu faturamento. Do total estocado, 67% são defensivos, 21% são sementes, 8% são fertilizantes, 3% são medicamentos veterinários e 3%, outros produtos.

Mazotini reforçou, ainda, a estimativa de aumento de 8% a 10% das vendas de insumos em 2017, conforme antecipado pelo Broadcast Agro no dia 24 de julho.