Centro nevrálgico do governo americano, a Ala Oeste (West Wing) da Casa Branca é testemunha de tramas, intrigas, disputas de poder e das grandes decisões que marcam a história do país.

Esta zona – cuja fama explodiu com a série de TV “The West Wing” (1999-2006) – abrange o Salão Oval, a Sala de Situação (no subsolo, onde as crises são gerenciadas), as salas dos colaboradores mais próximos do presidente e dos jornalistas credenciados, e a sala de imprensa.

Mas há uma semana, o presidente e seus funcionários cederam lugar à equipe de obras.

Aproveitando as semanas de férias de Donald Trump, o Salão Oval foi esvaziado: as cadeiras usadas por líderes mundiais, os quadros e até a mítica Resolute Desk – sob a qual Caroline Kennedy se escondeu durante o mandato de seu pai – foram removidos para a reforma.

No período da obra, os conselheiros de Trump estarão instalados temporariamente no Eisenhower Executive Building.

Como o restante da Casa Branca, que começou a ser construída em 1792, a Ala Oeste precisa de reformas periódicas. Este ano, as obras estão concentradas na modernização do sistema de ar-condicionado.

Também está prevista a substituição de tapetes e a renovação da pintura, mudanças que custarão 1,17 milhão e 275 mil dólares, respectivamente. Segundo a Administração de Serviços Gerais, estes gastos estão de acordo com os dos últimos três governos.

– ‘Amo a Casa Branca’ –

Reconstruída após ser incendiada pelos ingleses durante a guerra de 1812, a Casa Branca passou por várias reformas. A principal aconteceu nos anos 1940, sob a presidência de Harry Truman (1945-1953).

Até o começo do século XX, o presidente trabalhava no segundo andar, onde vivia com a família. Mas em 1902, Theodore Rooselvelt (1901-1909) decidiu construir a Ala Oeste, obra que “fez, realmente, a Casa Branca ser o que é hoje”, contou à AFP Evan Phifer, pesquisador da White House Historical Association.

“Roosevelt criou uma ala que foi ampliada ao longo dos anos”, assinalou. “Em 1909, William H. Taft (1909-1913) criou o primeiro Salão Oval, mas apenas em 1934 Franklin D. Roosevelt (1933-1945) renovou e ampliou a Ala Oeste, e o Salão Oval se tornou adjacente ao que é hoje o Rose Garden.”

A última grande reforma remonta ao governo Richard Nixon (1969-1974), que decidiu construir a sala de imprensa (briefing room) – cujas 49 cadeiras são compartilhadas pelos principais veículos de comunicação credenciados – sobre a piscina construída em 1933 para Roosevelt.

A estrutura da piscina, à qual se tem acesso por uma pequena escada, mantém-se intacta, mas está tomada por cabos elétricos. Os azulejos originais exibem, agora, a assinatura de jornalistas e funcionários que passaram pela Casa Branca.

As obras deste ano não têm nada de especial, mas ganharam outra dimensão quando a revista “Golf” afirmou que Trump considera o prédio público mais famoso dos Estados Unidos “uma verdadeira pocilga”.

O magnata do ramo imobiliário, acostumado à decoração opulenta de seus hotéis, negou a afirmação, e minimizou a polêmica com a declaração “Eu amo a Casa Branca, um dos prédios mais bonitos que já vi”, publicada no Twitter.