A partir de julho, Nigéria e Gana passam a exigir que o diesel vendido em suas bombas tenham, no máximo, 50 ppm (partes por milhão) de enxofre. Trata-se de um golpe contra a prática de alguns países europeus de destinar para África um combustível “sujo”, com até 3 mil ppm de enxofre, proibido no velho continente. A expectativa é de que Benin, Costa do Marfim, Togo e Mali façam o mesmo. A venda do diesel de menor qualidade para os africanos foi revelada no ano passado, em um relatório produzido pela ONG suíça Public Eye. Durante dois anos, a organização monitorou a qualidade do diesel comercializado em oito países da região. Mais de dois terços das amostras continham um nível de enxofre 150 vezes maior do que o permitido na Europa.

DIN1017-sustenta2A investigação apontou que comerciantes da commodity, em especial as suíças Trafigura e Vitol, realizavam um processo de “blending”, ou seja, misturavam diesel bom com diesel ruim. Dessa forma, criavam o que era chamada de diesel “african standard” (padrão africano), no jargão do setor. A prática, apesar de não ser ilegal, é questionável eticamente.

O enxofre é altamente poluente e faz do diesel o pior combustível, em termos ambientais. Assim que o relatório foi publicado, diversos países prometeram barrar a importação do produto. Mas as primeiras regulamentações saíram somente agora. No Brasil, o padrão de 10 ppm de enxofre, do chamado diesel S10, já é adotado nas capitais desde 2013. Fora das regiões metropolitanas, é permitida a venda do S500, com 500 ppm de enxofre.

(Nota publicada na Edição 1017 da Revista Dinheiro)