Quatro localidades da Síria cercadas pelas forças do regime ou por rebeldes serão evacuadas em breve, após o mais recente de uma série de acordos para acabar com os cercos que afetam a população.

Com o acordo concluído na terça-feira à noite, milhares de pessoas deixarão, a partir de 4 de abril, Zabadani e Madaya, duas localidades da província de Damasco, cercadas pelas forças do regime e seus aliados.

Ao mesmo tempo, milhares de moradores sairão de Fua e Kafraya, duas localidades xiitas pró-regime na província de Idlib (noroeste), cercadas pelos rebeldes, informou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

De acordo com o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman, 23.000 serão retiradas pelo acordo que foi negociado por Catar, que apoia os rebeldes, e Irã, principal aliado regional do regime sírio. Os islamitas rebeldes da província de Idlib assinaram o pacto.

Desde o início do conflito sírio em 2011 foram organizadas várias operações de retirada, principalmente nos redutos insurgentes asfixiados pelos cercos, enquanto o governo prega o que chama de acordos de “reconciliação local” para derrotar os rebeldes.

A ONU expressou em várias oportunidades preocupação com a situação humanitária nas quatro localidades, que já foram incluídas em um acordo em 2015. Em fevereiro, as Nações Unidas advertiram que 60.000 pessoas corriam perigo, enquanto as últimas entregas de ajuda humanitária aconteceram em novembro.

“Não se espera que as retiradas comecem antes de 4 de abril, mas, como medida de boa vontade, um cessar-fogo entrou em vigor nas cidades durante a noite”, declarou Rahman, antes de afirmar que a região está “em calma”.

– 1.500 prisioneiros libertados –

Segundo Hassan Sharaf, que coordena o acordo para o regime, 16.000 pessoas deixaram Fua e Kafraya “em duas etapas”. “Serão transportadas via Aleppo a Lataqua e Damasco”, dois bastiões do poder.

O Crescente Vermelho sírio confirmou que participará nas operações de retirada de moradores, sem revelar detalhes.

O novo acordo prevê ainda a libertação pelo governo de 1.500 prisioneiros detidos por razões políticas desde o início da revolta há seis anos.

Organizações de defesa dos direitos humanos acusam o regime sírio de ter torturado e executado milhares de detentos nas prisões e centros de inteligência.

A ONU manifestou em várias ocasiões sua preocupação pela situação humanitária dessas quatro localidades, que já fazem parte de um acordo em 2015, e em fevereiro advertiu que 60.000 pessoas estavam em perigo. As últimas entregas de ajuda humanitária foram em novembro.

Mais de 320.000 pessoas morreram e milhões de sírios foram obrigados a abandonar suas casas desde o início do conflito no país. Os diversos diálogos de paz organizados pela ONU não conseguiram apresentar uma solução para a guerra.

– Para Raqa –

Por sua vez,a Turquia, que lançou no final de agosto de 2016 uma vasta ofensiva no norte da Síria expulsando o EI de várias cidades, anunciou o fim de sua campanha “Escudo do Eufrates”, sem excluir outras campanhas no país. O conselho de segurança nacional do presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou que a ofensiva, que durou seis meses, “foi concluída com sucesso”.

Na frente norte de batalha, as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos, prosseguiam com a ofensiva rumo à cidade de Raqa, um reduto do grupo Estado Islâmico (EI).

Situada no rio Eufrates, a estrutura ameaça ceder, o que provocaria importantes inundações.

Na quarta-feira, engenheiros sírios realizaram operações de emergência, mas receberam disparos de obuses do EI quando tentavam drenar a água, constatou um jornalista da AFP.

Finalmente, conseguiram concluir a missão, segundo o OSDH e um responsável da FDS.

Essas forças ainda não conseguiram tomar a cidade de Taqba, situada a três quilômetros mais ao norte, que continua em poder do EI. A região de Taqba fica a 50 km a oeste de Raqa.

Mais a oeste, na província de Aleppo, as forças governamentais enfrentaram os extremistas em Deir Hafer, garantindo a segurança de uma parte da autopista que une Aleppo e a capital de fato do EI, segundo fontes oficiais.

Enquanto isso, um atentado com bomba atingiu Homs, uma cidade controlada pelo regime de Bashar Al Assad, causando a morte de cinco civis em um ônibus, segundo a imprensa oficial.