A inconstância, ninguém questiona, é apontada como o grande calcanhar de Aquiles das energias solar e eólica. Afinal, a noite chega, o vento para e o tempo pode ficar nublado, momentos em que a geração por esse tipo de modalidade cessa. O ideal seria poder armazenar a energia. Só que, até hoje, isso era muito caro e praticamente inviável. Mas o cenário está prestes a mudar. Um artigo da consultoria McKinsey&Company aponta que os custos do armazenamento de energia por meio de baterias de lítio estão caindo mais rapidamente do que se imaginava. No ano passado, esse valor estava na casa dos US$ 230 por quilowatt hora. Ainda é consideravelmente alto, tendo em vista que o custo de geração gira na casa dos US$ 60 para a energia eólica.

Porém, em 2010, o preço para armazenar um quilowatt hora girava em torno de US$ 1.000. Ainda é cedo para considerar as baterias como um ativo importante na matriz energética global. Mas o caminho parece estar sendo traçado. No início de julho, o bilionário sul-africano Elon Musk, criador da Tesla, de carros elétricos, e da SpaceX, de viagens espaciais, anunciou a construção da maior bateria do mundo, na Austrália, com capacidade para 129 megawatts hora. Segundo a McKinsey, esse mercado deve movimentar US$ 2,5 bilhões em 2020, seis vezes mais do que em 2015. As barreiras para um mundo livre de energias sujas estão caindo rapidamente. Resta saber qual será a próxima desculpa daqueles que querem permanecer no passado.

(Nota publicada na Edição 1029 da Revista Dinheiro)