O mundo dos negócios precisa prestar mais atenção ao que acontece com um ativo importante, mas ignorado: o solo. Em artigo publicado na revista Nature, a ambientalista e professora da universidade de Lancaster, na Inglaterra, Jessica Davies, afirma que o risco da degradação e do desflorestamento extrapola o setor agrícola e a produção de alimentos. Muitos setores, como o têxtil e o farmacêutico, têm grande dependência de produtos de origem vegetal ou animal em suas cadeias, o que torna a boa gestão do solo, em escala global, uma questão estratégica para os negócios. Nesse sentido, a situação não é das melhores.

Um terço da superfície terrena e mais da metade do chão utilizado para agricultura sofrem moderada ou alta degradação, de acordo com número da FAO, agência da ONU para a agricultura. Anualmente, 12 milhões de hectares de solo, o equivalente a uma Bulgária, são danificados em decorrência da poluição, da urbanização e do uso intensivo. O risco para o empresariado também abrange a água, uma vez que a compactação excessiva da terra prejudica a absorção de água, aumentando a incidência de enchentes e secas. No ano passado, somente isso custou à economia global cerca de US$ 14 bilhões. Para diminuir essa exposição, Davies sugere uma parceria entre empresas e cientistas para o financiamento de pesquisas e de lobby em favor de regulações específicas para a preservação do solo.

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(Nota publicada na Edição 1010 da Revista Dinheiro)